Estudo revela mudanças regionais na carga da doença cardíaca isquêmica

Um novo estudo destaca o aumento da doença cardíaca isquêmica no Sudeste Asiático, Leste Asiático e Oceania, e pede intervenções focadas e adaptadas a cada região. Os pesquisadores identificaram fatores de risco específicos que podem ser modificados e que influenciam o aumento dessa doença. No Leste Asiático, a poluição do ar é um grande problema, enquanto na Oceania, a dependência de alimentos ultraprocessados é um fator preocupante. O estudo será apresentado na reunião científica ACC Ásia 2025, em Singapura.

A doença cardíaca isquêmica (DCI) acontece quando as artérias se estreitam devido ao acúmulo de placas, reduzindo o fluxo sanguíneo para o coração e impedindo que o músculo cardíaco receba oxigênio suficiente. O sintoma mais comum é a pressão ou dor no peito. As pessoas com DCI correm o risco de infarto e arritmias. O tratamento pode incluir remédios, angioplastia (um procedimento pouco invasivo para desobstruir artérias) ou cirurgia de bypass coronariano.

Os pesquisadores analisaram dados do Estudo Global de Carga de Doenças de 2021 para entender como a DCI está mudando nos últimos anos no Sudeste Asiático, Leste Asiático e Oceania. Eles consideraram fatores de risco e dados de 1990 a 2021, com o objetivo de oferecer uma análise completa da DCI nessas regiões.

O Sudeste Asiático inclui países como Camboja, Indonésia, Malásia, Filipinas, entre outros. O Leste Asiático abrange China e Taiwan. Na Oceania, estão territórios como Samoa Americana, Ilhas Cook e Papua Nova Guiné.

Os dados mostraram que, de 1990 a 2021, a DCI teve um aumento anual de 3,79% na prevalência. A taxa de mortalidade subiu 4,12% e os anos de vida ajustados pela incapacidade cresceram 3,24%. As pessoas com menos de 70 anos mostraram um aumento na incidência da DCI, enquanto as acima dessa idade tiveram um aumento em óbitos.

Em 2021, a Oceania teve a maior taxa de mortalidade padronizada por idade, 170,9 por 100 mil habitantes. O Sudeste Asiático ficou em segundo lugar com 110,9, e o Leste Asiático com 108,9.

Os principais achados a longo prazo foram os seguintes:

1. O Leste Asiático teve a maior carga da DCI nos últimos 30 anos, com aumento constante em todos os indicadores.
2. A taxa de mortalidade na DCI teve um aumento de 0,48% no Leste Asiático, com variações negativas em Oceania e Sudeste Asiático.
3. As mortes por problemas metabólicos no Leste Asiático subiram de 65,6 para 80,9 por 100 mil habitantes, representando um aumento significativo de 0,68%.
4. Aumentos modestos foram observados nas mortes por fatores de risco comportamentais no Leste Asiático, enquanto Oceania e Sudeste Asiático tiveram queda.

Os pesquisadores destacam que Oceania enfrenta o maior ônus absoluto de DCI em 2021, enquanto o Leste Asiático apresenta o aumento mais acentuado nas taxas de mortalidade a longo prazo.

As disparidades regionais em saúde relacionadas à DCI estão ligadas a fatores de risco específicos. No Leste Asiático, altos índices de pressão arterial, padrões alimentares não saudáveis e poluição do ar são comuns. No Sudeste Asiático, os principais fatores incluem pressão arterial elevada e colesterol LDL alto. Por sua vez, na Oceania, os riscos alimentares estão em evidência, seguidos da pressão alta e da poluição do ar. Em todas as regiões, a pressão alta se destaca como o principal risco, o que aponta para a necessidade urgente de estratégias de controle.

Esse estudo revela não apenas uma crise de saúde, mas um paradoxo econômico. Muitas das forças que impulsionam o crescimento econômico, como urbanização e sistemas alimentares globalizados, estão contribuindo para o aumento da DCI. Em tempos de globalização, as tendências de migração e exposição ao ambiente também têm impacto na saúde.

A poluição do ar e os alimentos ultraprocessados são consequências desse crescimento econômico. O foco na industrialização e na globalização dos alimentos acaba sobrecarregando os sistemas de saúde, tornando as comunidades mais vulneráveis a doenças cardíacas.

As tendências observadas na Ásia-Pacífico podem ser um reflexo do futuro de doenças cardiometabólicas em outras regiões. É essencial reconhecer essas mudanças cedo para que os sistemas de saúde possam atuar de maneira eficaz e justa.

Em resumo, o estudo traz à tona uma urgência em atender as necessidades específicas de saúde em cada região, focando na prevenção e no manejo dos fatores de risco da DCI. A identificação dos padrões regionais é vital para o planejamento de uma saúde pública mais sólida.