O Hospital Getúlio Vargas, localizado em Sapucaia do Sul, que atende 17 municípios da região, declarou estado de calamidade financeira. Essa decisão inclui a suspensão dos atendimentos pediátricos eletivos, uma medida que pode afetar significativamente a população local.
O hospital enfrenta um déficit mensal que chega a R$ 4,7 milhões, conforme o decreto assinado pelo prefeito Volmir Rodrigues. Esta situação, que terá validade de 180 dias, destaca a grave crise financeira queimpacta a saúde pública do município.
Com a calamidade financeira, a instituição pode fechar serviços, demitir funcionários e reestruturar a gestão de atendimentos. A principal causa apontada para a crise é a redução dos repasses do governo estadual, através do programa Assistir. A prefeitura informa que, enquanto os atendimentos e custos têm aumentado, o financiamento proporcionado pelo Estado tem diminuído.
A Secretaria Estadual da Saúde, em resposta, afirma que o Hospital Getúlio Vargas recebe cerca de R$ 21 milhões anualmente, com um aumento previsto a partir de novembro. O governo do Estado afirma estar aberto ao diálogo para buscar soluções que melhorem a situação financeira do hospital.
A administração de Sapucaia do Sul ressalta que está fazendo o possível para garantir os atendimentos, mas são necessárias ações urgentes para evitar um colapso completo do sistema de saúde. O diretor da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas, Clóvis Schmitz, enfatiza a dificuldade financeira da instituição, que depende dos repasses do governo federal, estadual e municipal. Ele destaca que o hospital, que opera 100% pelo SUS, não tem receita própria, o que torna a situação ainda mais complicada.
Atualmente, o hospital possui 164 leitos e é referência em casos de traumatologia e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Contudo, a pediatria, que tem 15 leitos, foi fechada devido à falta de profissionais e à dívida acumulada com a empresa responsável pelo serviço, que ultrapassa R$ 1,8 milhão.
Os pacientes agora são orientados a procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município ou o Hospital Centenário, em São Leopoldo, para emergências pediátricas. O hospital ainda manterá atendimento para casos urgentes com médicos clínicos, mas não há previsão para retorno dos atendimentos eletivos.
Além disso, a emergência adulta do hospital está operando acima da capacidade, com 15 pacientes internados em um espaço destinado a 10 leitos. Essa superlotação é um reflexo da crise que atinge toda a instituição.
A prefeitura de Sapucaia do Sul informa que a legislação permite a adoção de medidas emergenciais em resposta à gravidade da situação, e reforça que embora esteja investindo uma parte significativa do orçamento em saúde, os recursos ainda não são suficientes para atender a demanda. O município clama por um aumento nos repasses da União para adequar a realidade do hospital.
A declaração de calamidade financeira no Hospital Getúlio Vargas é um alerta sobre os desafios que a saúde pública enfrenta na região e a urgência de ações efetivas para garantir o acesso aos serviços de saúde essenciais para a população.