Gilles de Rais, o barão francês acusado de matar 145 crianças

A Fascinante História de Gilles de Rais

Gilles de Rais foi um nobre e guerreiro notável do século XV, conhecido por sua bravura na defesa da França durante a Guerra dos Cem Anos ao lado de Joana d’Arc. Contudo, o que mais o destaca na história são suas atrocidades, sendo considerado um dos primeiros serial killers documentados.

Os crimes de Gilles de Rais vieram à tona em 1440, quando ele foi julgado e condenado por heresia, sodomia, tortura e assassinato. As acusações apontavam que suas ações brutais estavam ligadas ao ocultismo e à busca por forças demoníacas.

Após ser declarado culpado, Gilles foi executado por enforcamento e teve seu corpo queimado. Sua sombria história gerou a lenda do famoso “Barba Azul”. No entanto, a justiça desse julgamento ainda é contestada por alguns contemporâneos.

A Ascensão de um Herói Francês

Gilles de Rais nasceu em 1404, em Champtocé-sur-Loire, França, filho de nobres ricos. Desde cedo, ele recebeu uma educação luxuosa, aprendendo latim e estrategicamente sobre guerra. Porém, sua infância foi marcada por tragédias.

Com apenas 10 anos, seu pai morreu em um acidente de caça, e logo após, sua mãe também faleceu. Gilles foi criado pelo avô, Jean de Craon, que o fez seu herdeiro e organizou seu casamento com Catherine de Thouars, aumentando seu poder.

Quando a Guerra dos Cem Anos recomeçou em 1422, Gilles entrou no conflito e se tornou um herói nacional. Sua bravura em batalha o levou a ser nomeado Marechal da França e a ganhar uma honrosa flor-de-lis em seu brasão.

Gilles tornou-se parceiro de Joana d’Arc em 1429, e juntos lutaram em batalhas importantes como Orléans. Após a captura e execução de Joana em 1431, ele se retirou da vida militar. Nesse período, começaram suas terríveis ações.

Os Crimes Sombrios de Gilles de Rais

Após abandonar o campo de batalha, a vida de Gilles se tornava cada vez mais decadente. Ele desperdiçou sua fortuna em excessos e artes. Durante esse tempo, despertou interesse pelo oculto, buscando maneiras de recuperar sua riqueza através de alquimia.

Foi nesse contexto que suas brutalidades começaram, em 1433. Seus crimes mais notórios ocorreram em seu castelo, Machecoul, onde ele supostamente sequestrou e assassinou crianças. As descrições são horríveis: ele os agredia e decapitava, mantendo as cabeças como troféus.

Gilles era supostamente influenciado por um clérigo chamado Prelati, com quem realizava rituais macabros para invocar demônios.

A situação chegou a um ponto crítico em 15 de maio de 1440, quando um clérigo foi sequestrado. Isso fez com que o Bispo de Nantes iniciasse uma investigação que revelaria que Gilles de Rais havia assassinado pelo menos 145 crianças.

Os testemunhos de seus servos revelaram a terrível realidade, confirmando casos de sequestros e assassinatos. Muitos relatos mencionavam crianças desaparecidas nas proximidades do castelo de Gilles.

O Julgamento e a Execução

Sob ameaça de tortura, Gilles confessou todos os seus crimes em 21 de outubro de 1440. Ele declarou que havia feito coisas suficientes para condenar “10.000 homens”. O julgamento foi rápido, e ele foi considerado culpado, sendo sentenciado à morte por enforcamento, com fogo sob a forca.

Gilles de Rais foi executado em 26 de outubro de 1440, mas seu corpo foi retirado das chamas antes de ser completamente consumido.

Ainda hoje, há quem acredite que Gilles de Rais foi alvo de uma caça às bruxas da época, levantando dúvidas sobre sua culpabilidade.

Serial Killer ou Injustamente Acusado?

Embora a condenação de Gilles de Rais tenha sido amplamente aceita e tenha inspirado histórias, algumas análises mais recentes contestam a veracidade do processo judicial. A historiadora Margot K. Juby argumenta que a pressão e o medo da tortura poderiam ter levado Gilles a confessar falsamente.

Além disso, o Duque da Bretanha, responsável pela acusação, acabou herdando as terras de Gilles após sua execução, levantando suspeitas sobre motivações políticas.

Em 1992, um autor francês organizou um julgamento simulado para reavaliar a condenação de Gilles, no qual a decisão foi pela inocência. Contudo, o próprio organizador desaprovou o julgamento, considerando-o uma farsa sem validade legal.

A Dúvida Histórica

A verdadeira história de Gilles de Rais continua envolta em mistério. Se ele realmente foi um serial killer monstruoso que fez mais de 145 vítimas ou um herói de guerra injustamente acusado, a verdade é complexa e perdida no tempo.

Centenas de anos se passaram desde os crimes horrendos de Gilles de Rais, mas ele permanece na memória da história como uma figura fascinante e aterrorizante. Até hoje, as questões sobre seu legado continuam a intrigar estudiosos e leitores, revelando como o passado pode ser tão assombroso quanto intrigante.