O biólogo James Dewey Watson faleceu nesta quinta-feira, dia 6, aos 97 anos, nos Estados Unidos. Conhecido por suas contribuições fundamentais à biologia, sua morte foi confirmada pelo Laboratório Cold Spring Harbor em Long Island, onde trabalhou por várias décadas. O jornal The New York Times informou que ele morreu em um hospital de cuidados paliativos.
Watson nasceu em Chicago em 6 de abril de 1928 e se formou na Universidade de Chicago em 1947. Após isso, dedicou-se a estudos em genética na Universidade de Indiana. Em 1951, ingressou no Laboratório Cavendish da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, onde fez parceria com o britânico Francis Crick. Juntos, em 1953, eles decifraram a estrutura do DNA, revelando que a molécula tem uma forma semelhante a uma escada torcida, com pares de bases nitrogenadas formando os degraus. Essa descoberta revolucionou a biologia, permitindo entender como os traços genéticos são transmitidos de uma geração para a outra.
Watson e Crick, junto com Maurice Wilkins, ganharam o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1962. Essa conquista levou à formulação do que se conhece como o “dogma central da biologia molecular”, que explica como os genes codificam proteínas e, por consequência, como essas proteínas regulam processos metabólicos. Essa nova perspectiva também impulsionou o desenvolvimento da ciência genômica, que busca mapear e entender o DNA das diversas espécies.
Em 1988, Watson se tornou uma figura central no Projeto Genoma Humano, que começou a decifrar os mais de 3 bilhões de componentes químicos do DNA humano. Watson foi o líder do projeto até 1992, quando deixou o cargo após desavenças com a nova diretora dos Institutos Nacionais de Saúde.
Em 2007, ele se tornou a segunda pessoa no mundo a ter seu genoma completamente sequenciado. Apesar de liberar seus dados para a pesquisa, expressou preocupação em não saber se tinha um gene associado ao Alzheimer.
Além de suas descobertas, Watson também é lembrado por sua personalidade polêmica. Sua autobiografia, “A Dupla Hélice”, publicada em 1968, causou desconforto a seus colegas, pois, segundo eles, retratou uma visão distorcida e negativa dos cientistas. Watson também se destacou por suas opiniões diretas, que lhe renderam críticas ao longo de sua carreira. Em uma entrevista em 2007, ele fez declarações controversas sobre inteligência e raça, o que levou ao seu afastamento do Laboratório Cold Spring Harbor.
Apesar das polêmicas, o trabalho de Watson é amplamente reconhecido. Bruce Stillman, atual presidente do laboratório, afirmou que Watson deixou uma marca indelével em sua área de atuação. Após sua pesquisa sobre o DNA, Watson continuou atuando como uma figura influente na ciência, ingressando no departamento de biologia de Harvard em 1956, onde defendia a importância da biologia molecular.
Watson também teve um impacto significativo no Laboratório Cold Spring Harbor, transformando-o em uma instituição respeitada mundialmente. Em suas entrevistas, ele valorizava mais seus escritos do que as descobertas científicas, revelando sua admiração por grandes autores e sua aspiração de criar um legado significativo através da literatura.
Watson se casou com Elizabeth Lewis em 1968 e teve dois filhos, sendo que um deles, Rufus, foi diagnosticado com esquizofrenia, circunstância que o motivou a apoiar pesquisas sobre doenças mentais e suas raízes genéticas. A trajetória de Watson é marcada por suas contribuições inegáveis à ciência, bem como por suas controvérsias e por sua complexa personalidade.