OMS defende proteções legais para inteligência artificial na saúde

A inteligência artificial (IA) já está sendo utilizada na área da saúde em diversos países da região europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas tecnologias ajudam na detecção de doenças, reduzem tarefas administrativas e melhoram a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes.

Um novo relatório da OMS, denominado “Inteligência Artificial na Saúde: Estado de Preparação na Região Europeia”, aponta que, embora a IA tenha potencial para transformar os cuidados de saúde, seu crescimento está acontecendo sem as proteções legais necessárias. Isso levanta preocupações sobre a segurança e a privacidade dos pacientes, além de possíveis desigualdades nos serviços de saúde.

### Avanços Desiguais

Os países europeus reconhecem que a IA pode trazer benefícios significativos, como diagnósticos mais precisos e medicina personalizada. Contudo, a implementação dessas tecnologias varia muito entre as nações. Apenas 8% dos países têm uma estratégia nacional específica para a IA na saúde, e 14% estão desenvolvendo uma. Enquanto isso, países como Estônia e Finlândia estão avançando. A Estônia, por exemplo, unificou dados de saúde em uma plataforma que suporta ferramentas de IA, e a Finlândia capacitou seus profissionais na área.

### Desafios Legais

Um dos principais obstáculos para a adoção da IA na saúde é a falta de regulamentação adequada. Quase 86% das nações citam a incerteza jurídica como um desafio significativo, seguido pela falta de recursos financeiros, mencionada por 78% dos países. Menos de 10% das nações têm normas que definem a responsabilidade em casos de falhas nos sistemas de IA. Isso gera insegurança tanto para médicos, que podem hesitar em confiar na tecnologia, quanto para pacientes que não sabem como proceder se algo der errado.

### Financiamento e Investimentos

Os investimentos em IA na saúde são considerados insuficientes. Apesar de 64% dos países utilizarem diagnósticos assistidos por IA e 50% implementarem chatbots para atendimento, apenas um quarto tem o financiamento necessário para colocar essas iniciativas em prática. As principais motivações para o investimento incluem a melhoria do atendimento ao paciente, redução da carga sobre os profissionais de saúde e a busca por maior eficiência.

### Riscos e Preocupações

As preocupações da população em relação à IA na saúde incluem a segurança e a equidade no acesso aos serviços, assim como a privacidade dos dados. Muitas pessoas esperam que seus médicos sejam responsáveis por erros, mas a IA depende fortemente de dados, que podem ser incompletos ou enviesados, resultando em diagnósticos errôneos.

O relatório da OMS recomenda que os países desenvolvam estratégias que estejam alinhadas com os objetivos de saúde pública, reforcem as salvaguardas legais e éticas e promovam a transparência na comunicação com o público. A OMS enfatiza a importância de capacitar profissionais e melhorar a governança dos dados desde uma perspectiva ética.

Por fim, o diretor regional da OMS para Europa destacou que, embora a IA tenha o potencial de revolucionar a saúde, é fundamental que as decisões tomadas neste campo coloquem as pessoas, especialmente os pacientes, em primeiro lugar.