Psicopedagogia no tratamento multidisciplinar do autismo

A Importância da Psicopedagogia no Tratamento de Pessoas com TEA

A falta de cobertura para psicopedagogia é um problema comum para quem cuida de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Muitas operadoras de saúde usam o mesmo argumento: “isso é educacional”. No entanto, essa justificativa não reflete a realidade das famílias.

Para muitos indivíduos com TEA, as dificuldades de aprendizado não são apenas sobre estudar ou fazer exercícios. Elas são causadas por questões que afetam a vida do dia a dia, como organização, planejamento, flexibilidade de pensamento, autorregulação, atenção e controle da ansiedade diante de tarefas e avaliações. Quando essas áreas não são tratadas, surgem problemas como: sofrimento, crises, desmotivação e perda de autonomia.

Por isso, a psicopedagogia é essencial no tratamento. Ela não deve ser vista como algo separado, mas sim como parte integrante de um cuidado multidisciplinar e individualizado. Esse tema já começou a ser debatido com seriedade nos tribunais.

Nos últimos anos, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou várias negativas de cobertura e estabeleceu uma linha clara: os planos de saúde não devem desconsiderar o tratamento de pacientes com TEA com justificativas genéricas, principalmente quando há um tratamento prescrito e comprovadamente necessário.

A jurisprudência do STJ reconhece que a psicopedagogia deve ser incluída nas sessões de psicologia. Essas sessões têm cobertura obrigatória e ilimitada pelas operadoras de plano de saúde, especialmente no tratamento multidisciplinar para beneficiários com TEA.

Orientações para Famílias

Para as famílias que enfrentam essa situação, aqui estão algumas recomendações:

  1. Peça a negativa por escrito: Sempre solicite a negativa da cobertura, garantindo que tenha um protocolo e justificativa formal.

  2. Solicite um relatório completo: Exija um relatório que explique detalhadamente as metas, frequência das sessões e a razão pela qual a psicopedagogia é necessária.

  3. Comprove a importância da psicopedagogia: Demonstre como a psicopedagogia se integra ao tratamento multidisciplinar e explique os riscos de parar ou atrasar esse cuidado.

  4. Documente tentativas de agendamento: Se o plano mencionar uma rede de profissionais, registre suas tentativas de agendar consultas e as indisponibilidades encontradas.

  5. Mantenha a comunicação clara: Evite discussões por telefone e concentre-se em documentos escritos que comprovem sua posição. Essa abordagem pode ajudar a evitar equívocos e mal-entendidos.

O Tratamento como Essencial

O objetivo não é apenas “discutir” com o plano de saúde; e sim garantir que todos os cuidados necessários sejam mantidos. Para pessoas com TEA, o tratamento é fundamental e vai muito além de um simples procedimento. É um suporte para seu desenvolvimento, dignidade e autonomia.

Importante Considerar

Este texto é informativo e não substitui uma análise pessoal do caso, que depende de documentos, prescrições e das particularidades do contrato do plano de saúde.

Se você está enfrentando desafios nesse contexto, saiba que este é um espaço acolhedor. Se sentir vontade, entre em contato. Compartilhe suas dúvidas ou conte sobre a situação que você ou alguém do seu convívio está passando em relação ao TEA, seja uma pessoa adulta ou idosa, ou até mesmo você mesma. Estou aqui para ajudar a traduzir a lei para a vida prática e orientá-lo sobre os direitos que podem ser buscados na sua situação.

Um abraço especial e até a próxima!