Saúde e economia moldam o futuro da alimentação

Agências de inteligência de mercado que estudam o setor de alimentação apontam que questões de saúde e incertezas econômicas continuarão a impactar as escolhas dos consumidores nos próximos anos.

As preocupações relacionadas à alimentação variam conforme a região. No Hemisfério Norte, alimentos orgânicos e naturais, que antes eram considerados tendência, agora se tornaram parte do mercado tradicional. Isso ocorreu devido a políticas de sustentabilidade e mudanças nas preferências dos consumidores, segundo Riccardo Caravita, gerente global de alimentos e bebidas de uma importante empresa do setor.

Um estudo recente das consultorias Mintel e Innova Market Insights revela que uma das novas tendências para 2026 é a saúde intestinal. Essa saúde é vista como fundamental para o bem-estar geral, aumentando a energia e a imunidade. A previsão é de que o consumo de alimentos ricos em fibras e bebidas funcionais cresça, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.

No país, as expectativas para 2026 indicam um consumidor mais consciente, em busca de saúde, funcionalidade e transparência nos produtos. Poliana Claudino, gerente de projetos de uma feira de alimentos em São Paulo, destaca que produtos com rótulos claros, menos açúcar e ingredientes naturais continuam sendo bastante procurados.

No entanto, a saúde não é o único fator que os consumidores consideram. O sabor também é essencial. Joaquim Saraiva, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, enfatiza que a demanda por refeições leves e saborosas está crescendo. Simone Galante, CEO de uma consultoria de food service, acredita que ingredientes frescos, sazonais e locais se tornarão cada vez mais valorizados por consumidores e chefs.

Carnes como a bovina, suína e de frango continuaram a ser ingredientes importantes. Galante ressalta que a proteína animal sempre teve destaque na culinária. De acordo com a Innova Market Insights, mais da metade dos entrevistados pretende aumentar o consumo de proteína em 2026.

As projeções de consumo em 2025 indicam um aumento de 1,5% na carne bovina, 2,8% no frango, 2,3% no porco e 6,7% nos ovos, conforme o Conselho Nacional de Abastecimento. O crescimento da renda é apontado como um fator que sustentou essas altas.

Entretanto, a preocupação com alimentos saudáveis enfrenta um desafio: a renda das famílias. Segundo o IBGE, alimentos e bebidas representam 21,5% da cesta de consumo. Embora a inflação dos alimentos tenha diminuído nos últimos meses, ainda registra aumento de 2,48% nos últimos 12 meses, com a alimentação fora do domicílio subindo 7,60%. Com o orçamento apertado, muitos consumidores buscam produtos mais econômicos, beneficiando plataformas de delivery que oferecem descontos para atrair novos clientes.

Nesse contexto, a sustentabilidade volta a ser abordada como uma tendência necessária. Ao invés de apenas uma preocupação ambiental, o foco é agora evitar desperdícios e economizar. Priscila Andrade, gerente de marketing e nutrição de uma empresa, afirma que a conscientização sobre consumo responsável se tornou essencial. Restaurantes também estão adotando medidas para reduzir desperdícios, como cardápios mais enxutos para facilitar o controle do estoque.