A pandemia de covid-19 resultou em 1,3 milhão de crianças e adolescentes órfãos no Brasil, que perderam um pai, uma mãe ou cuidadores próximos. Essa realidade trouxe à tona a urgência de abordar o luto na infância e apoiar esses jovens em um momento tão delicado. Diversas iniciativas têm sido implementadas em centros de referência para oferecer suporte a essas crianças e outras que também lidam com perdas.
Rodrigo Trevisan, coordenador do Ambulatório Pequenos Enlutados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca a importância de falar sobre o luto na primeira infância. Segundo ele, as crianças têm uma compreensão limitada sobre a perda e é essencial conversar com elas sobre suas emoções.
Ao abordar o tema, é fundamental considerar a idade da criança, o contexto familiar e as circunstâncias em que ocorreu a morte. Ignorar a dor pode ser prejudicial. Fernanda Buzzinari, coordenadora do projeto Enlutinhos, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), afirma que as famílias precisam romper com o tabu e permitir que as crianças expressem seus sentimentos.
Para ajudar as famílias a lidarem com o luto de forma mais saudável, existem algumas orientações que podem ser seguidas:
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Honestidade: É importante falar a verdade sobre o que aconteceu, evitando expressões como “virou estrelinha”. As crianças devem ser informadas de maneira clara, mas sem detalhes traumáticos.
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Sensibilidade: Acolher os sentimentos da criança é essencial. Elas devem ter liberdade para falar sobre a perda, sem que o assunto seja tratado como algo proibido.
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Curiosidade: É fundamental explicar como será a rotina sem o ente querido. Além disso, ajuda se as crianças puderem criar lembranças positivas durante o processo de luto.
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Suporte: Livros e filmes podem ser grandes aliados nesse momento. Obras como “Menina Nina”, de Ziraldo, e o filme “Irmão Urso”, da Disney, podem facilitar a conversa sobre o tema. Se necessário, buscar orientação psicológica pode ser uma boa opção.
Essas orientações têm o objetivo de ajudar as crianças a enfrentarem a dor da perda com mais apoio e compreensão, contribuindo para um processo de luto mais saudável.