Baixo ferro pode provocar confusão mental na menopausa

Nova pesquisa da Universidade de Oklahoma trouxe informações importantes sobre um tema pouco explorado: os níveis de ferro no sangue e como isso influencia a performance cognitiva de mulheres que estão passando pela menopausa. Os resultados são positivos para aquelas que enfrentam dificuldades de concentração e outros sintomas.

O estudo, publicado na revista Nutrients, mostrou que mulheres que têm níveis adequados de ferro no sangue durante a transição para a menopausa se saem melhor em tarefas que exigem raciocínio. Além disso, a quantidade de ferro no sangue não está relacionada a níveis perigosos de ferro no cérebro, que pode aumentar o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

Michael Wenger, professor de psicologia e autor principal do estudo, explica que no período da menopausa, as mulheres não menstruam mais e, portanto, não perdem ferro regularmente. Com isso, a equipe queria entender se a falta de ferro poderia deixar de afetar a cognição nessa fase. Até agora, muito pouca pesquisa foi feita nesse campo.

Os pesquisadores mediram os níveis de ferro no sangue, realizaram exames de imagem para verificar a quantidade de ferro no cérebro e avaliaram a performance cognitiva das participantes. Nenhuma mulher estava com deficiência severa de ferro, mas várias estavam abaixo do ideal para a idade. Aqueles com níveis baixos de ferro apresentaram resultados piores em testes de memória, atenção e raciocínio.

Wenger ressalta que estudos anteriores já mostraram que a deficiência de ferro pode impactar a performance cognitiva. Ele dá um exemplo: se uma mulher com deficiência de ferro faz uma tarefa simples, como apertar um botão toda vez que um asterisco aparece na tela, seu tempo pode aumentar em cerca de 150 milissegundos. Embora pareça pouco, esse tempo pode influenciar nossas decisões ao falar e se comunicar.

É importante destacar que a quantidade de ferro no sangue não indica quanto ferro está armazenado no cérebro. Wenger comenta que já se sabe que o acúmulo de ferro no cérebro está ligado a doenças como Alzheimer e demência vascular. Os dados são animadores, pois mostram que ter níveis de ferro adequados não significa que haverá acúmulo excessivo no cérebro.

Deficiência de ferro não é a mesma coisa que ser anêmico. Wenger explica que a baixa de ferro pode predispor a anemia, mas existem outras causas para isso. Muitas mulheres que vão ao ginecologista não fazem exames para verificar a deficiência de ferro, o que pode ser uma oportunidade perdida.

“Baixos níveis de ferro podem ser uma das razões pelas quais muitas mulheres sentem ‘nevoeiro cerebral’ durante a menopausa,” diz Wenger. “Além disso, pode ser o motivo de algumas reclamarem de mudanças na visão durante essa fase. O ferro é essencial para a produção de dopamina, um neurotransmissor importante para a visão e para a sinalização inicial da luz.”

Embora suplementos de ferro não sejam a melhor solução devido a efeitos colaterais gastrointestinais, pequenas doses podem ser eficazes, assim como mudanças na dieta para incluir mais alimentos ricos em ferro. Wenger acredita que pequenas alterações podem tornar a transição da menopausa mais tranquila.

Por conta da pandemia, a pesquisa não teve um número tão alto de participantes quanto o grupo gostaria. A equipe está procurando financiamentos para realizar um estudo maior no futuro.

A doutora Pamela Miles, co-autora do estudo e ginecologista, ressalta que já sabemos muito sobre a saúde após a menopausa, como risco cardiovascular e osteoporose. Contudo, não sabemos o suficiente sobre como lidar com essa fase de transição, que pode ser mais desconfortável para as mulheres.

Com base nas descobertas, é claro que a atenção aos níveis de ferro pode trazer benefícios significativos para a saúde cognitiva das mulheres durante a menopausa. É um passo importante para melhorar a qualidade de vida durante esse período, ajudando com a fadiga mental e com a memória.

Além disso, essa pesquisa abre portas para novos estudos que podem esclarecer melhor a relação entre nutrientes e saúde mental, especialmente em mulheres nesse estágio delicado. A saúde não deve ser apenas focada em doenças; entender e cuidar das condições cotidianas também é fundamental.

A mudança de hábitos, como incluir alimentos ricos em ferro, pode parecer pequena, mas pode impactar significativamente a saúde. Espinafre, lentilhas, e carne vermelha são exemplos de alimentos que ajudam a aumentar os níveis de ferro. Essas dicas práticas são acessíveis e podem ser facilmente incorporadas na rotina da mulher.

Portanto, a mensagem principal aqui é: ficar atenta aos níveis de ferro pode ajudar bastante durante a transição da menopausa. Conversar com profissionais de saúde sobre exames e dietas é essencial para enfrentar essa fase com mais tranquilidade e saúde. E sim, pequenos passos fazem muita diferença no dia a dia.

Essas novas descobertas vão ampliar o entendimento sobre menopausa e saúde feminina, mostrando que cuidar da alimentação e ficar atenta ao ferro são fundamentais para um envelhecimento saudável. Esses dados podem gerar uma nova abordagem no cuidado da saúde das mulheres, garantindo que cada uma possa passar por esse período de forma mais saudável e consciente.

Assim, reforçamos a importância de realizar exames e consultar médicos regularmente. Entender os próprios níveis de ferro e reconhecer se existem mudanças no corpo são ações que podem contribuir para uma menopausa mais suave. É a saúde em primeiro lugar, sempre!