Cidade com mais casais tem a maior igreja do país

A cidade de São João do Oeste, localizada no Extremo-Oeste de Santa Catarina, tem um título interessante: é o município brasileiro com o maior percentual de pessoas em união conjugal. De acordo com dados do Censo 2022, 70,4% da população vive em união, seja casada formalmente ou em união estável. Essa taxa é bem maior que a média nacional, que é de 46,1%.

Na prática, isso significa que a maioria das pessoas que moram em São João do Oeste estão em uma relação reconhecida, seja ela civil ou religiosa. O Censo considera tanto os casamentos tradicionais quanto as uniões em que as pessoas convivem como se fossem casadas.

Em Santa Catarina como um todo, 58,4% da população com 10 anos ou mais está em união conjugal. Esse número também supera a média nacional, que é de 51,3%. O levantamento mostra que, das 3,88 milhões de pessoas em união conjugal no estado, 42,4% estão casadas formalmente, 41% em união estável, 14% têm apenas casamento civil e 2,6% apenas religioso.

É curioso perceber que Santa Catarina é um dos poucos estados onde o casamento civil e religioso ainda é mais comum que as uniões estáveis. No entanto, essa diferença está diminuindo ao longo dos anos. Entre 2000 e 2022, o número de casamentos formais caiu de 67,7% para 42,4% no estado. Durante esse mesmo período, as uniões consensuais praticamente dobraram, passando de 21,2% para 41%.

Além disso, os casamentos apenas civis também aumentaram, subindo de 7,7% para 14%. Esses dados revelam uma mudança nos comportamentos das novas gerações, que estão optando por relações menos formais e mais flexíveis.

A educação parece influenciar bastante no tipo de união que as pessoas escolhem. O IBGE aponta que pessoas sem instrução têm a maior taxa de casamentos civis e religiosos (52,8%). Aqueles com nível superior completo apresentam 45,1%. Em contrapartida, as uniões consensuais são mais comuns entre quem tem ensino fundamental completo (49,1%). Quem possui ensino superior vê um crescimento no casamento apenas civil, chegando a 16,9%.

A relação entre a religiosidade e as formas de união é outro ponto interessante. Entre os evangélicos, 45,2% estão em casamentos civis e religiosos, enquanto entre católicos essa taxa é de 44,5%. Curiosamente, entre as pessoas sem religião, 67,6% vivem em união consensual, que é a maior taxa observada.

Religiões de matriz africana e tradições indígenas também mostram altos índices de uniões estáveis, com percentuais acima de 65%. Esses dados apontam que a fé e as tradições têm um papel importante nas escolhas afetivas da população.

Além disso, diferenças por cor e idade também são evidentes. As pessoas brancas têm a maior taxa de casamentos civis e religiosos (46,8%), enquanto indígenas, pretos e pardos tendem a optar mais pelas uniões consensuais. O casamento formal é mais comum entre pessoas acima de 50 anos, enquanto as uniões estáveis são frequentes entre jovens entre 25 e 34 anos.

Por fim, o levantamento destaca um crescimento nas uniões entre pessoas do mesmo sexo. Atualmente, 1,14% dos catarinenses vivem com alguém do mesmo sexo, totalizando 44,2 mil pessoas no estado. Entre essas uniões, as mulheres representam 55,4%, enquanto os homens são 44,6%.

São João do Oeste não é apenas a cidade com mais pessoas em união conjugal, mas também abriga a maior igreja de madeira da América Latina, a Igreja Matriz São João Berchmans. Essa igreja não é só um símbolo religioso, mas também representa a cultura de união e comunidade que permeia a cidade.

Assim, os dados demonstram um retrato de como as relações pessoais estão mudando no Brasil, especialmente em Santa Catarina, refletindo tanto uma mudança na estrutura social quanto nas referências culturais. A cidade de São João do Oeste se destaca, portanto, como um espaço onde tradição, religião e união se entrelaçam de maneira significativa.