Déficit com os EUA atinge novo patamar em relação à China

Balança Comercial de Novembro Tem Superávit de US$ 5,8 Bilhões

Em novembro, a balança comercial do Brasil registrou um superávit de US$ 5,8 bilhões. O país teve um aumento de 2,4% nas exportações, enquanto as importações subiram 7,4%. Esse cenário é reflexo de uma série de eventos recentes envolvendo tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Desde abril, a administração de Donald Trump começou a aplicar tarifas recíprocas, afetando diretamente as exportações brasileiras. Em agosto, uma tarifa de 40% foi aplicada sobre várias importações do Brasil, o que gerou incertezas no comércio internacional. Embora as vendas para os EUA tenham diminuído, houve aumento nas exportações para outros países, com destaque para a China.

A partir de novembro, as relações entre os dois países passaram a melhorar. Em 14 de novembro, os EUA retiraram tarifas de 10% sobre 238 produtos agrícolas. Seis dias depois, uma nova medida retirou a tarifa de 40% sobre 269 itens, principalmente agropecuários. Essas mudanças terão impacto mais visível nos meses de dezembro e janeiro.

O déficit comercial com os Estados Unidos, que era de US$ 800 milhões, saltou para US$ 7,9 bilhões até agora neste ano. Esse aumento superou a diminuição do superávit com a China, que caiu de US$ 30,7 bilhões para US$ 27,4 bilhões. A Argentina também teve um aumento no seu superávit, alcançando US$ 5,2 bilhões.

No acumulado do ano até novembro, o superávit total caiu para US$ 57,8 bilhões, uma redução de US$ 11,7 bilhões em comparação ao ano passado. As importações cresceram 7,2%, enquanto as exportações tiveram uma alta de 1,8%. A previsão para o saldo deste ano varia entre US$ 61 bilhões e US$ 65 bilhões.

Os volumes de exportação cresceram 4,6%, e as importações aumentaram 4,5% em novembro, com uma queda geral nos preços, exceto para as importações, que subiram 2,8%. O índice de termos de troca, que mede a capacidade do país de importar em relação ao valor das suas exportações, caiu 1,9% em comparação ao ano anterior, mas se manteve estável.

Déficit com os EUA e Compensações da China

O aumento do déficit com os Estados Unidos foi um dos principais fatores que contribuíram para a piora do saldo da balança comercial. Em contrapartida, as exportações para a China cresceram significativamente, ajudando a compensar as perdas. As exportações para a China subiram 10,4% acumuladas até agora, com um crescimento de 42,8% apenas em novembro.

As commodities desempenham um papel importante nesse cenário. O superávit em petróleo e derivados alcançou US$ 27 bilhões, representando 46,7% do total exportado, apesar de uma queda nas importações desse produto. Commodities como soja e carne bovina tiveram desempenhos robustos, mesmo enfrentando barreiras tarifárias.

Os setores não agrícolas também mostraram um crescimento, com destaque para a indústria e a agropecuária. Embora as relações comerciais tenham melhorado após a suspensão de tarifas, alguns setores continuam a enfrentar desafios, especialmente produtos como pescado e madeira.

Incertezas Continuam no Comércio Internacional

Apesar das melhorias recentes, as incertezas ainda persistem no cenário comercial. As exportações para os Estados Unidos caíram 25,1% de janeiro a novembro, enquanto as importações aumentaram 19,2% somente em novembro. A China, por outro lado, teve um aumento notável de 28,6% nas exportações após a suspensão das tarifas, refletindo uma recuperação mais rápida.

As negociações comerciais entre os países ainda estão em andamento e podem levar a novos ajustes nas tarifas. O retorno das relações comerciais em áreas essenciais foi positivo, mas o futuro continuará a ser imprevisível. As mudanças nas tarifas e as concessões têm um impacto direto nas expectativas do comércio exterior, e a situação pode evoluir rapidamente nos próximos meses.