O público da 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo escolheu os doze filmes finalistas para o Troféu Bandeira Paulista, entre 123 produções de diretores em seus segundos longas-metragens. Entre os selecionados, está o filme ECLIPSE, de Djin Sganzerla, que é o único longa-metragem brasileiro de ficção na categoria Novos Diretores. O outro representante do Brasil é o documentário Copinha, dirigido por Joaquim Salles.
Para Djin, essa indicação é uma conquista significativa. Ela comentou: “Isso por si só já é uma grande vitória. É muito gratificante ver a força do trabalho e como ele se conecta com o público. ECLIPSE é um thriller que aborda questões urgentes da nossa sociedade, especialmente no contexto feminino. Foi uma grande surpresa ser o único longa brasileiro de ficção a ser indicado a esse prêmio.”
Produzido pela Mercúrio Produções e distribuído pela Pandora Filmes, ECLIPSE conta com um elenco talentoso, incluindo Sergio Guizé, Selma Egrei, Helena Ignez, Luís Melo, Clarisse Abujamra, Gilda Nomacce e Pedro Goifman, além de Djin Sganzerla, que desempenha o papel principal.
A história gira em torno de Cleo, uma astrônoma que está grávida e emocionalmente fragilizada. Ela recebe uma visita inesperada da meia-irmã Nalu, que possui origem indígena. Esse reencontro traz à tona memórias obscuras e revela segredos que ligam a razão à ancestralidade, numa jornada que transita entre o real e o simbólico.
A onça, um símbolo presente ao longo da narrativa, aparece como uma metáfora de resistência e dignidade feminina. O filme reflete sobre a violência contra as mulheres, a força da intuição e a importância das alianças femininas. Como resumiu a filósofa Marcia Tiburi, ECLIPSE “traz uma desmistificação sutil do sistema patriarcal, mostrando como o amor romântico e a ideia de família perfeita podem esconder armadilhas e violências invisíveis.”
Djin explica: “O filme fala sobre mulheres que estão aprisionadas em amores tóxicos, sob a influência de predadores que se disfarçam de afeto. Sempre tive um interesse em entender o que motiva as mulheres, como elas sentem e interpretam o mundo. Quanto mais me aprofundo nesse universo, mais me encanto.”
Djin Sganzerla é a criadora do filme Mulher Oceano (2020), que ganhou 15 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Ela também dirigiu o curta Antes do Amanhã (2022). A cineasta dá continuidade ao legado de seus pais, Rogério Sganzerla e Helena Ignez, através de um cinema que é ao mesmo tempo simbólico e poético, unindo liberdade, intuição e força feminina.
ECLIPSE, o novo longa de Djin Sganzerla, faz história ao ser o único filme brasileiro de ficção finalista ao Troféu Bandeira Paulista na Mostra de Cinema de São Paulo. O filme é uma representação poderosa de questões sociais relevantes, especialmente no que diz respeito às experiências femininas.
A diretora, destacada por seu olhar sensível e profundo sobre o universo feminino, traz uma narrativa que combina elementos de suspense e drama. Esse equilíbrio é fundamental para que o público se identifique com os desafios enfrentados pelas personagens.
Ao abordar temas de ancestralidade e segredos familiares, ECLIPSE proporciona uma reflexão sobre a herança cultural e emocional que passa de geração para geração. Esse aspecto da história faz com que muitos espectadores se conectem não apenas com a trama, mas também com uma parte de sua própria história e origem.
A importância da força feminina é central no filme. Através das vivências de Cleo e Nalu, o público é convidado a refletir sobre como as mulheres podem se unir em situações adversas, mostrando que a solidariedade é uma ferramenta poderosa no combate a diversas formas de opressão.
Djin não apenas apresenta uma reflexão crítica sobre a sociedade patriarcal, mas também sugere que a mudança começa com diálogos abertos e honestos entre as mulheres. Essa abordagem fortalece a ideia de que juntas, as mulheres podem se libertar de cativeiros emocionais e sociais, representando uma verdadeira resistência.
O simbolismo da onça é particularmente interessante. Ela representa não apenas a força, mas também a inteligência e a capacidade de sobreviver em um ambiente hostil. Essa metáfora é uma oração à força feminina e à necessidade de proteção, tanto física quanto emocional.
ECLIPSE é, portanto, mais que um filme; é uma jornada emocional que desafia o público a repensar suas próprias crenças e preconceitos. A produção destaca a realidade de muitas mulheres e a luta constante para quebrar as barreiras que ainda existem na sociedade.
Além disso, a habilidade de Djin Sganzerla em contar histórias que tocam a alma agrega profundidade ao cinema brasileiro atual. O filme é uma representação viva da evolução de uma cineasta que busca não apenas entreter, mas também provocar reflexões importantes.
Ao se desviar de clichês, a diretora estabelece uma conexão genuína entre as personagens e os espectadores. Isso contribui para um entendimento mais profundo das dores e alegrias vividas pelas mulheres.
Em resumo, ECLIPSE é uma obra que merece reconhecimento não só por sua qualidade técnica, como também pela relevância de sua mensagem. A escolha deste filme como finalista ao Troféu Bandeira Paulista é um reflexo do potencial transformador do cinema como meio de comunicação e conscientização social.
Assim, ao assistir ECLIPSE, o público é levado a um espaço de empatia e reconhecimento, uma experiência que pode inspirar diálogos e mudanças nas suas próprias realidades.