Um estudo publicado em 5 de março de 2025 revelou que pessoas com estresse crônico podem ter maior risco de AVC, especialmente mulheres jovens. A pesquisa associou estresse e AVC em participantes do sexo feminino, mas não nos homens. É importante destacar que a pesquisa não prova que o estresse causa AVC, mas indica uma relação.
“Pessoas mais novas costumam enfrentar estresse por causa das pressões do trabalho, como longas jornadas e insegurança no emprego, além de problemas financeiros”, comenta Nicolas Martinez-Majander, doutor do Hospital Universitário de Helsinque, na Finlândia. “Estudos anteriores já mostraram que o estresse crônico impacta negativamente a saúde física e mental. Nossa pesquisa encontrou que isso pode aumentar o risco de AVC em mulheres jovens.”
No estudo, os pesquisadores analisaram 426 pessoas entre 18 e 49 anos que tiveram um AVC isquêmico sem causa definida. Esses indivíduos foram comparados com 426 pessoas da mesma faixa etária e sexo que não tiveram AVC. O AVC isquêmico ocorre quando o fluxo sanguíneo é bloqueado em parte do cérebro, resultando em fraqueza, dificuldades de fala, problemas de visão ou até mesmo morte.
Os participantes responderam a um questionário sobre níveis de estresse ao longo de um mês. Aqueles que sofreram AVC relataram seus níveis de estresse no mês anterior ao ocorrido. Foram feitas 10 perguntas, como “No último mês, com que frequência você sentiu que não conseguia controlar as coisas importantes na sua vida?” Cada questão tinha pontuação de zero a quatro, onde quatro significava “muito frequentemente”. Um total de 0 a 13 indicava baixo estresse; 14 a 26, estresse moderado; e 27 a 40, alto estresse. A média de quem teve AVC foi 13, contra 10 de quem não teve.
Os dados mostraram que pessoas que sofreram AVC tinham mais chances de ter estresse moderado ou alto. Dentre eles, 46% apresentavam níveis moderados ou altos de estresse, em comparação a 33% entre aqueles que não tiveram AVC.
Após ajustes para outros fatores que poderiam influenciar o risco de AVC, como nível de escolaridade, consumo de álcool e pressão arterial, os pesquisadores detectaram que nas mulheres, o estresse moderado estava associado a um aumento de 78% no risco de AVC. O estresse alto estava relacionado a um aumento de 6%. Para os homens, não houve relação significativa entre estresse e AVC.
“Precisamos de mais pesquisas para entender por que mulheres estressadas têm mais risco de AVC, enquanto os homens não estão nessa relação”, disse Martinez-Majander. “Além disso, precisamos entender por que o risco nas mulheres é maior com estresse moderado do que com estresse alto. Saber mais sobre isso pode nos ajudar a criar melhores formas de prevenção.”
Um ponto a considerar no estudo é que pessoas com níveis mais altos de estresse podem ter evitado participar, o que poderia ter impactado os resultados.
A pesquisa foi apoiada pelo Distrito Hospitalar de Helsinque e Uusimaa, pela Academia da Finlândia, pela Fundação Médica Finlandesa, pela Fundação Sigrid Jusélius e pelo Hospital Universitário de Sahlgrenska.