Facebook pode cobrar criadores por compartilhamento de links

Para muitos criadores de conteúdo, compartilhar um link no Facebook se tornou algo automático. Ao postar, colocam o link do seu produto, oferta de afiliados ou newsletter, esperando que as pessoas saiam da plataforma para conferir o que oferecem. No entanto, essa ação simples pode passar a ter um custo.

A Meta, empresa que controla o Facebook, está testando uma mudança que pode restringir a quantidade de links que alguns usuários conseguem compartilhar na rede social. Recentemente, criadores que participaram desse teste receberam um aviso da Meta. A mensagem dizia: “A partir de 16 de dezembro, certos perfis do Facebook, que não têm Meta Verified, incluindo o seu, poderão compartilhar no máximo 2 links em duas postagens orgânicas por mês.”

Se houver a necessidade de compartilhar mais de dois links, será preciso assinar o Meta Verified, que custa a partir de R$ 14,99 por mês.

À primeira vista, essa medida pode parecer um experimento simples. No entanto, sua efetividade pode impactar profundamente como muitos criadores utilizam o Facebook para atrair visitantes. Profissionais de marketing afiliado, pequenos empresários, coaches e escritores frequentemente dependem de links para direcionar vendas ou captar leads. Com essa limitação, será preciso repensar como, ou até mesmo se, o Facebook ainda serve para esses usuários.

Um porta-voz da Meta disse que o teste visa entender “se a possibilidade de publicar um maior número de postagens com links traz um valor adicional para os assinantes do Meta Verified.” Essa justificativa se encaixa em uma tendência maior. As plataformas estão sendo pressionadas a monetizar os criadores de formas mais diretas, e uma maneira fácil de fazer isso é restringindo o acesso a funcionalidades.

Esse teste surge em um momento interessante. Recentemente, a Meta divulgou seu relatório de transparência para o terceiro trimestre de 2025. Os dados mostraram que “98,1% das visualizações nos EUA durante o terceiro trimestre de 2025 não incluíram um link para fora do Facebook.” Apenas 1,9% das postagens continham links, geralmente provenientes de páginas seguidas pelo usuário. Isso indica que, para a maioria das pessoas, links não são essenciais na experiência do Facebook, o que facilita para a Meta classificar esses links como um recurso premium, em vez de algo padrão.

Para os criadores, o impacto pode ser bastante negativo. Menos links significam menos oportunidades de testar ofertas, menos pontos de contato nas campanhas e mais pressão para concentrar tudo em apenas uma ou duas postagens. Isso também gera uma bifurcação: pagar pelo Meta Verified, limitar drasticamente o uso do Facebook ou começar a investir mais em plataformas onde não há restrições para links, ou melhor ainda, criar uma comunidade própria.

Esse desejo de limitar o uso de links não é exclusivo da Meta. Em 2023, o X (antigo Twitter) removeu manchetes de links de notícias, dizendo que isso melhorava a estética e diminuía as ênfases nas interações externas. A tendência é clara em toda a indústria: as plataformas querem que os usuários permaneçam em seus aplicativos por mais tempo e interajam mais dentro deles, e não que saiam para acessar outros conteúdos.

Ainda é incerto se a Meta irá ampliar esse teste para todos os usuários. Mas, mesmo sendo apenas um experimento, isso sinaliza como os criadores estão sendo vistos: não apenas como usuários, mas como oportunidades de receita. Se as limitações de links forem normalizadas, o Facebook pode se transformar de um centro de tráfego em um espaço restrito, onde alcance e flexibilidade dependem de quanto você está disposto a gastar.

Para os criadores que desenvolveram seus negócios com base em distribuição gratuita, essa mudança é significativa. Ela pode forçá-los a tomar decisões difíceis sobre onde alocar seu tempo, conteúdo e dinheiro.

Além disso, o Facebook News está sendo descontinuado à medida que a Meta reduz o conteúdo de notícias e política. De acordo com a empresa, o número de pessoas usando o Facebook News na Austrália e nos EUA caiu mais de 80% em 2023.

A situação é preocupante tanto para pequenos criadores quanto para grandes empresas, pois a internet evolui sempre. Os criadores se veem em um dilema, pois precisam escolher entre ceder às novas regras das plataformas ou buscar novas alternativas que permitam maior liberdade no compartilhamento de suas ideias e produtos.

Agora, os criadores devem pensar em como diversificar suas estratégias online. Investir em e-mail marketing, construir comunidades em outros canais e utilizar redes que não impõem limitações pode ser uma saída. Criar conteúdo que mantenha o público engajado e utilizando as ferramentas disponíveis é essencial para enfrentar essas mudanças.

No fim das contas, a transformação do Facebook pode ser um chamado à ação. Isso pode incentivar os criadores a explorarem novas possibilidades e a adaptarem suas abordagens. O futuro é incerto, mas é importante que cada um encontre formas de permanecer relevante e conectado ao seu público. Tudo isso sem perder o foco em suas paixões e objetivos.

Ao mostrar resiliência e criatividade, os criadores podem não só sobreviver, mas também prosperar em meio a essas mudanças.