Hormônio da fome e fluxo sanguíneo ajudam a gerar novas células cerebrais

Cientistas descobriram que o fluxo sanguíneo ajuda a direcionar o movimento de novos neurônios no cérebro adulto, mostrando uma conexão inesperada entre a circulação e a migração das células nervosas. Usando técnicas avançadas de imagem, eles perceberam que os neurônios se movem mais rápido ao longo de vasos sanguíneos com alta circulação. Além disso, o hormônio da fome, a grelina, intensifica essa migração ao ativar movimentos dentro das células.

Quando as calorias são restringidas, os níveis de grelina aumentam, acelerando ainda mais o deslocamento dos neurônios em direção ao bulbo olfatório, região do cérebro responsável pelo olfato. Esses resultados revelam como os sinais relacionados à fome e a dinâmica do sangue influenciam a regeneração do cérebro. Isso pode oferecer novas pistas para tratamentos de doenças como AVC e doenças neurodegenerativas.

Fatos Importantes:

  • Movimento Guiado pelo Fluxo: Neurônios se deslocam mais rápido pelos vasos que têm maior fluxo sanguíneo.
  • Influência Hormonal: A grelina, hormônio da fome, melhora a migração dos neurônios ao ativar movimentos internos nas células.
  • Potencial Terapêutico: Mecanismos relacionados ao fluxo sanguíneo podem inspirar novas terapias para AVC e demência vascular.

Os pesquisadores descobriram como os neurônios recém-formados dependem do fluxo sanguíneo no cérebro para se deslocarem de suas origens até o local onde são necessários. O estudo, realizado em camundongos, fornece evidências de que novos neurônios estão próximos aos vasos sanguíneos e que a velocidade do movimento deles está ligada ao fluxo sanguíneo.

Os cientistas observaram que a grelina, conhecida por estimular o apetite, também participa da velocidade de migração dos neurônios. Além disso, isso abre caminhos para investigar fatores desconhecidos que influenciam a migração celular dependente do fluxo sanguíneo, podendo contribuir para o desenvolvimento de terapias inovadoras para doenças neurológicas.

Quando os neurônios são criados no cérebro, eles migrarão de onde nasceram para onde são necessários. Isso acontece com diversos tipos de neurônios e outras células ao longo dos vasos sanguíneos, sugerindo que o fluxo pode afetar essa migração.

No estudo, os pesquisadores focaram nos neurônios do “fluxo migratório rostral” (RMS), que têm origem na “zona subventricular” do cérebro. Eles se movem pelo canal de migração rostral até o bulbo olfatório, que processa cheiros.

Foi mostrado que os vasos sanguíneos atuam como “andaimes” físicos nas rotas migratórias dos novos neurônios. No entanto, ainda não se sabia exatamente se o fluxo sanguíneo afeta diretamente essa migração. Para investigar isso, os cientistas analisaram a migração neuronal guiada por vasos sanguíneos em camundongos adultos.

Essa análise usando imagens em 3D confirmou que os novos neurônios frequentemente utilizam os vasos como suporte migratório. Eles encontraram uma relação próxima entre os neurônios e os vasos sanguíneos, indicando que a migração ocorre ao longo dos vasos.

Para um estudo mais detalhado, a equipe registrou o movimento dos neurônios e das células vermelhas do sangue. O que descobriram? Que os neurônios migrando ao longo de vasos de maior fluxo se moviam mais rapidamente do que aqueles em regiões de baixo fluxo. Isso sugere que um fluxo sanguíneo forte realmente ajuda na migração.

A equipe também explorou o papel da grelina, que pode ser transportada pelo sangue para várias áreas do cérebro através das paredes dos vasos sanguíneos. Eles aplicaram grelina marcada com fluorescência na corrente sanguínea dos camundongos e viram que ela se acumulava nas células que formam o revestimento dos vasos, indicando que a grelina do sangue atravessa a parede vascular e chega aos neurônios novos.

Além disso, perceberam que a sinalização de grelina promove a translocação somal. Isso acontece quando o corpo celular do neurônio se move para seu destino final, ativando contrações na parte traseira da célula.

A equipe então estudou se a restrição calórica, que eleva os níveis de grelina no sangue, influencia a migração neuronal, e constatou que isso realmente promovia a migração dos neurônios do bulbo olfatório.

Assim, esses experimentos indicam que o fluxo sanguíneo ajuda a migração dos neurônios no bulbo olfatório durante a fome por meio da grelina, aumentando a quantidade de neurônios maduros nessa área. Isso pode ser um mecanismo chave para melhorar a função olfativa, permitindo a busca de alimentos quando há fome.

Os pesquisadores notam que a migração neuronal pode ser afetada pelo fluxo sanguíneo em condições patológicas. Eles sugerem que o sangue contém fatores, além da grelina, que podem ser benéficos para essa migração. Portanto, mais estudos são necessários para descobrir esses fatores e entender melhor essa mecânica de migração dependente do fluxo sanguíneo.

Essas informações podem levar ao desenvolvimento de novas terapias baseadas em fluxo sanguíneo para tratar condições neurológicas, como AVC e demência vascular.

Principais Perguntas Respondidas:

  • Como o fluxo sanguíneo afeta a migração de novos neurônios? Neurônios se movem mais rapidamente onde há um fluxo sanguíneo forte, sugerindo que a circulação apoia diretamente seu deslocamento no cérebro.

  • Qual papel a grelina desempenha nesse processo? A grelina atravessa do sangue para o tecido cerebral, onde ativa o movimento dos neurônios, ajudando a guiá-los até seu destino.

  • Por que essa descoberta é importante? Ela mostra que fome e fluxo sanguíneo trabalham juntos na regeneração do cérebro, podendo abrir caminho para tratamentos que melhorem a recuperação após lesões cerebrais.