Hospital Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul, Declara Calamidade Financeira e Suspende Atendimentos Pediátricos
O Hospital Getúlio Vargas, localizado em Sapucaia do Sul, que atende 17 cidades da região, declarou estado de calamidade financeira e suspendeu os atendimentos pediátricos eletivos. A decisão foi formalizada na semana passada pelo prefeito Volmir Rodrigues e terá validade de 180 dias, devido a um déficit mensal de R$ 4,7 milhões na instituição.
O hospital, que é referência em traumatologia e acidente vascular cerebral, enfrenta dificuldades financeiras, principalmente por conta da redução nos repasses do governo do Estado, através do programa Assistir. Apesar do aumento na demanda por atendimentos e dos custos operacionais, os investimentos estaduais têm diminuído, levando a administração do hospital a tomar medidas drásticas para equilibrar as contas.
O impacto dessa crise já é visível, com a suspensão de atendimentos pediátricos. A unidade de pediatria, que possui 15 leitos, foi fechada pela falta de profissionais, com uma dívida superior a R$ 1,8 milhão com a empresa que fornece os pediatras. A Fundação Hospitalar Getúlio Vargas, que gere o hospital, orienta que pacientes procurem as Unidades de Pronto Atendimento ou o Hospital Centenário em São Leopoldo em casos de emergência.
O diretor da Fundação, Clóvis Schmitz, afirmou que o hospital enfrenta dificuldades para honrar compromissos financeiros com empresas terceirizadas e salários de funcionários. “Não conseguimos manter as contas em dia, dependemos do financiamento do governo federal, estadual e municipal”, explicou.
Atualmente, o hospital possui 164 leitos para internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, mesmo com a suspensão dos atendimentos pediátricos, continua a receber pacientes em sua emergência que, nesta semana, está operando acima da capacidade, com 15 pacientes em uma área destinada a 10 leitos.
Em resposta à crise, a Secretaria Estadual da Saúde informou que o Hospital Getúlio Vargas recebe cerca de R$ 21 milhões por ano e que investimentos adicionais estão previstos para novembro. A secretária afirmou que está disposta a dialogar com o município para encontrar soluções que garantam a melhoria nos serviços de saúde.
A prefeitura de Sapucaia do Sul ressalta que tem feito esforços para garantir a continuidade dos serviços, mas avalia que medidas urgentes são necessárias para evitar um colapso no sistema de saúde local. Embora não haja previsão imediata de demissões, os profissionais da pediatria que não atuam diretamente no atendimento eletivo serão remanejados.
A situação do Hospital Getúlio Vargas é um reflexo de um sistema de saúde sob pressão, que precisa enfrentar o crescimento dos atendimentos e a limitação dos recursos disponíveis para garantir um atendimento adequado à população.