Hospital no Sudão sofre ataque; OMS critica a violência

Um ataque ao Hospital Saudita de al-Fashir, a última unidade de saúde em funcionamento na cidade, resultou na morte de pelo menos 460 pessoas, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades locais. O ataque ocorreu em meio a um cerco realizado pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), que tomou a cidade recentemente.

Médicos e ativistas afirmam que as RSF invadiram o hospital, enquanto o grupo nega as acusações, chamando-as de “desinformação” e alegando que todos os hospitais da cidade já haviam sido desocupados. A OMS, em um comunicado, destacou que quatro médicos, uma enfermeira e um farmacêutico foram sequestrados durante a invasão. A entidade condenou o que classificou como assassinato de mais de 460 pacientes e acompanhantes no dia 28 de outubro.

Minni Minawi, governador do estado de Darfur e ex-líder rebelde que se juntou ao Exército, confirmou as mortes, mas não forneceu mais detalhes. Outras fontes, incluindo grupos de médicos no Sudão e uma rede de ativistas da região, informam que várias pessoas em enfermarias improvisadas ao redor do hospital também podem ter sido vítimas do ataque.

A Reuters, que não conseguiu confirmar as mortes de forma independente, destacou que a comunicação na cidade está severamente comprometida. Desde que as RSF conquistaram o controle do último reduto militar do Exército sudanês, no domingo, 26 de outubro, os médicos estão sem acesso à internet e a informações estão escassas.

Além disso, a Organização Internacional para as Migrações relata que mais de 36 mil pessoas deixaram al-Fashir desde o início do cerco, enquanto cerca de 200 mil permanecem na cidade, enfrentando uma situação crítica. Grupos de direitos humanos manifestam preocupação com a possibilidade de assassinatos em massa e alertam sobre os efeitos da fome que já afligem a população.

Nas últimas semanas, moradores, médicos e trabalhadores humanitários relataram que as RSF realizaram ataques repetidos a hospitais na cidade, utilizando foguetes e drones, além de incursões terrestres. No Hospital Saudita, aqueles que ficaram para tratar de casos de desnutrição e trauma enfrentam sérios desafios devido à escassez de recursos, já que outras unidades de saúde já foram abandonadas por causa da violência.