Importância da sexualidade para a saúde física e mental

Falar sobre Sexualidade: Uma Necessidade para a Saúde

Discutir sexualidade é essencial para compreender a vida humana, já que envolve a interação do corpo, da mente e das emoções. Segundo o médico Fabiano M. Serfaty, a sexualidade vai além do desejo; ela reflete a saúde geral de uma pessoa, incluindo seu equilíbrio hormonal e seu estado emocional. Ao longo da vida, a sexualidade se apresenta de diferentes formas: a curiosidade na infância, a descoberta na adolescência, a vivência plena na vida adulta e a conexão afetiva na terceira idade.

Muitos médicos ainda tratam a sexualidade de forma fragmentada, como um aspecto secundário da saúde. O desafio, portanto, é reconhecer a sexualidade como um indicador de saúde integral. Essa ideia foi aprofundada pelo endocrinologista Alexandre Hohl, que defende que a sexualidade deve estar no centro do cuidado médico, funcionando como um termômetro para identificar problemas de saúde antes mesmo de exames laboratoriais.

Hohl indica que a medicina precisa mudar sua abordagem cultural em relação à sexualidade, não apenas a vendo como uma função reprodutiva, mas entendendo-a como vitalidade e conexão. Ele propõe que os médicos incluam a sexualidade nas consultas de rotina, tratando o tema com naturalidade.

Sexualidade na Infância e na Adolescência

Na infância, a sexualidade é marcada pela curiosidade e não possui conotação erótica. Hohl explica que manifestações de curiosidade corporal fazem parte do desenvolvimento normal e que é importante que os adultos abordem essas questões com cuidado, nomeando adequadamente e orientando a criança sem reprimir.

Durante a adolescência, a sexualidade se torna mais complexa. A puberdade é um período vital onde corpo, mente e desejos começam a dialogar. É fundamental que os adolescentes recebam informações corretas sobre sexualidade, evitando o moralismo e a desinformação. Quando se sentem livres para perguntar e discutir sobre o assunto, eles conseguem fazer escolhas mais responsáveis, sem culpa.

Desafios na Sexualidade Feminina

No que diz respeito à sexualidade feminina, Hohl alerta para a tendência do uso excessivo de testosterona como tratamento para disfunções sexuais. Ele critica essa abordagem, afirmando que a libido feminina é influenciada principalmente pelos níveis de estrogênio e que considerar a testosterona como solução única é uma simplificação que não respeita a complexidade da saúde feminina.

Ele defende que o verdadeiro cuidado deve levar em conta a multiplicidade de fatores que afetam a libido, como hormônios, neurotransmissores e aspectos psicossociais. Algumas alternativas revolucionárias, como tratamentos tópicos que melhoram o fluxo sanguíneo genital, estão sendo estudadas e representam uma abordagem mais segura.

Resignificação da Sexualidade Masculina

A sexualidade masculina muitas vezes é vista através da lente do desempenho, o que gera pressão e ansiedade. Hohl enfatiza a necessidade de mudar essa perspectiva, entendendo que vitalidade, desejo e afeto estão interligados a aspectos mais amplos da saúde, como sono e saúde cardiovascular. Ao desconstruir esses estereótipos, os homens podem buscar ajuda de forma mais precoce e saudável.

A avaliação dos níveis de testosterona também merece atenção. Um diagnóstico adequado deve considerar não só a testosterona total, mas também outros hormônios que influenciam a saúde sexual. O hipogonadismo masculino, por exemplo, pode estar ligado a problemas metabólicos e inflamatórios que afetam a saúde de forma geral.

Sexualidade na Terceira Idade

Contrário à ideia de que a sexualidade diminui com a idade, Hohl aponta que ela se transforma. Na terceira idade, a intimidade e o desejo podem se expressar de formas mais sutis, valorizando conexão emocional e prazer. Enxergar essa fase como uma reinvenção, e não como uma perda, pode ajudar a fomentar diálogos e cuidados que preservem o bem-estar sexual.

A Dimensão da Sexualidade

A sexualidade é uma parte integral da condição humana e deve ser abordada de forma multidisciplinar na medicina. Profissionais de diferentes áreas precisam unir esforços para oferecer um cuidado mais completo que respeite as diversas facetas da sexualidade humana.

Reconhecer a sexualidade como um aspecto central da saúde é crucial. Isso não só melhora a prática médica, mas também permite que as pessoas se sintam mais plenas, conectadas e felizes em suas vidas. O papel da medicina é ir além dos tratamentos, compreendendo o prazer como uma expressão de integridade e riqueza da experiência humana.