Jogadores de futebol apresentam diferenças cerebrais ligadas ao risco de CTE

Resumo: Exames de ressonância magnética de jogadores de futebol americano mostraram diferenças sutis nas dobras do cérebro em comparação com homens que nunca jogaram esportes de contato. Essas alterações podem ser sinais iniciais de encefalopatia traumática crônica (CTE). Os pesquisadores descobriram que os jogadores tinham dobras mais rasas em uma região frontal do cérebro e que o tempo de jogo estava ligado a mudanças em outra área do cérebro.

Essas descobertas remetem a padrões observados em casos confirmados de CTE após a morte, sugerindo a possibilidade de detecção precoce em pessoas ainda vivas. Embora mais pesquisas sejam necessárias, esse estudo é um passo importante na identificação de marcadores para uma doença que só pode ser diagnosticada após a morte.

Fatos Importantes:

  • Diferenças Estruturais: Jogadores de futebol apresentaram dobras frontais esquerdas mais rasas, ligadas a regiões afetadas pela CTE.
  • Relação com a Experiência: O tempo de jogo mais longo correlacionou com alterações em outras dobras cerebrais, mostrando um efeito de dose.
  • Potencial de Biomarcador: As diferenças detectadas por ressonância magnética poderão ajudar a identificar indivíduos em risco de CTE enquanto ainda estão vivos.

Pesquisadores da área de neurologia analisaram exames de cérebro de atletas de futebol americano e encontraram diferenças nas dobras do cérebro em relação a homens saudáveis que nunca jogaram esportes de contato. Essas descobertas podem ajudar a prever quem está em maior risco de desenvolver CTE.

Como outras doenças neurodegenerativas, a CTE tende a piorar ao longo do tempo. Ela afeta muitas pessoas que praticam esportes de contato e colisão, que envolvem impactos repetidos na cabeça. Exemplos de esportes de contato incluem futebol e basquete, enquanto esportes de colisão abrangem futebol americano, hóquei e boxe.

Mesmo com anos de pesquisa, médicos ainda precisam realizar autópsias depois da morte para diagnosticar a CTE. Essa doença é marcada por diminuição do cérebro e presença de depósitos de proteína tau nas dobras cerebrais próximas aos vasos sanguíneos.

O estudo, liderado por uma equipe internacional e vinculado à NYU Langone Health, faz parte de um esforço de longo prazo para desenvolver testes que consigam detectar a CTE diretamente no paciente. Os pesquisadores descobriram que os jogadores de futebol tinham dobras frontais esquerdas mais rasas em média do que os não jogadores.

As dobras frontais esquerdas ficam em uma região do cérebro que já foi associada à CTE em estudos anteriores. Essas dobras são muito pequenas, com largura de no máximo 1,5 milímetros e profundidade de 15 milímetros.

Publicado em setembro na revista Brain Communications, o estudo também revelou que jogadores com mais anos de experiência tinham dobras occipitotemporais esquerdas mais largas, em comparação com homens que não tiveram contato com esportes.

A pesquisa incluiu uma análise de exames de ressonância magnética de 169 ex-jogadores de futebol universitário e profissional. Esses exames foram comparados com os de 54 homens saudáveis de idade, peso e nível educacional semelhantes, que não jogaram futebol ou qualquer esporte similar e não tinham histórico militar ativo.

Os pesquisadores explicaram que o estudo pode ser o primeiro a mostrar diferenças estruturais que distinguem cérebros mais suscetíveis ao desenvolvimento da CTE. Esse avanço ajuda a aplicar o que foi aprendido sobre mudanças físicas observadas em cérebros de pessoas que tiveram a doença confirmada após a morte.

Os resultados podem ser usados para identificar marcadores de risco de CTE, promovendo o desenvolvimento de um teste diagnóstico. O objetivo é aplicar terapias antes que os danos se tornem irreversíveis, já que atualmente não há cura para a CTE. Assim, identificar o risco é crucial para prevenir e tratar a doença.

Os pesquisadores não têm certeza do motivo pelo qual as diferenças foram encontradas apenas em um lado do cérebro, sem alterações visíveis nas dobras de ambos os hemisférios. Apesar de as diferenças na estrutura cerebral terem sido constatadas, não se observaram desvio nos testes psicológicos relacionados à memória e aprendizado, nem no número de impactos na cabeça.

Os especialistas alertam que um teste diagnóstico clínico ainda está longe de ser realidade. Contudo, se estudos futuros validarem suas descobertas, mais biomarcadores poderão ser combinados em uma avaliação abrangente do risco de CTE.

Os pesquisadores planejam expandir seus estudos para incluir mais esportes de contato e colisão. Eles também investigarão outras áreas do cérebro para identificar pessoas mais propensas a desenvolver a doença.

Os participantes do estudo eram jogadores de futebol universitário com pelo menos seis anos de experiência e jogadores profissionais com no mínimo 12 anos de carreira. Jogadores na posição quarterback foram excluídos, por terem menor exposição a traumas cranianos.

Questões Importantes Respondidas:
Q: Que mudanças estruturais no cérebro foram encontradas nos jogadores de futebol?
A: Pesquisadores notaram dobras frontais esquerdas mais rasas e dobras occipitotemporais mais largas, sugerindo alterações físicas ligadas a impactos repetidos na cabeça.

Q: Por que essas descobertas são significativas?
A: Elas podem ser as primeiras diferenças estruturais mensuráveis em pessoas vivas correlacionadas a características da CTE observadas após a morte, aproximando-se de diagnósticos precoces.

Q: Este estudo pode ser usado para diagnosticar CTE agora?
A: Ainda não—os pesquisadores alertam que estudos maiores são necessários, mas esse trabalho estabelece uma base para futuras ferramentas diagnósticas.

Sobre CTE e Neurologia:
Estudos recentes continuam a investigar as implicações das mudanças no cérebro associadas a impactos repetidos na cabeça. A pesquisa sobre CTE é essencial para melhorar a detecção precoce e a prevenção em atletas. Fatores como a experiência no esporte e a quantidade de impactos na cabeça são considerados na avaliação do risco.

Futuras investigações poderão confirmar se mudanças na morfologia das dobras do cérebro podem se tornar um biomarcador confiável para identificar riscos de CTE em pessoas vivas. A saúde mental e neurológica dos atletas deve ser uma prioridade, e avanços significativos podem surgir a partir desses estudos.