O Rio de Janeiro enfrentou uma manhã de tensão e violência ontem, marcada por confrontos armados que resultaram em mais de sessenta mortes. A cidade foi afetada por bloqueios nas ruas, ônibus incendiados e interrupções no transporte público. Escolas e unidades de saúde tiveram que suspender atividades, levando muitas comunidades a um clima de medo e insegurança.
Para os moradores das áreas mais afetadas, essa realidade não é nova. O pânico provocado por operações policiais se repete a cada confronto, revelando uma presença do Estado que se manifesta mais por meio da força, do que por políticas públicas que promovam o bem-estar.
A deputada estadual e enfermeira Lilian Behring destaca que esse cenário tem um profundo impacto na saúde mental e emocional de centenas de famílias que vivem sob constante ameaça. Crianças são expostas a tiroteios antes mesmo de aprenderem a ler, e profissionais de saúde enfrentam a incerteza de retornar para casa após seus turnos. As equipes de enfermagem, médicos e socorristas continuam a trabalhar, mesmo sob condições adversas, pois a vida de muitas pessoas depende de sua dedicação.
Esses profissionais atuam não só para tratar doenças, mas também para enfrentar o medo e o trauma gerados pela violência. Além de cuidar da saúde física, eles lidam constantemente com o estresse de trabalhar em áreas de risco e com os desafios diários que enfrentam para chegar aos locais onde são necessários. A saúde mental dos trabalhadores e da população é prejudicada quando o Estado falha em garantir o direito de viver sem temor.
O bem-estar, que envolve o estado físico, mental e social, é comprometido pela situação vivida nas comunidades. Em ambientes onde a violência é uma constante, a prestação de serviços essenciais como saúde e educação fica comprometida. Tiroteios podem interromper atendimentos médicos, e os transportes ficam inviabilizados, resultando no fechamento de escolas.
Os eventos do dia anterior expõem um modelo de ocupação que foca na repressão e não na vida das comunidades. A presença do poder público deveria ser contínua e estruturada, oferecendo educação, saúde, cultura e oportunidades — tudo isso é fundamental para prevenir a violência e promover a saúde mental. A falta de ações que abordem as causas da violência apenas agrava a situação.
Quando o poder público se limita a agir com repressão, a população — especialmente a mais vulnerável — sofre as consequências, pagando um alto preço pela insegurança. A defesa da vida e do cuidado deve ser prioridade, e é necessário que as comunidades sejam ocupadas com iniciativas que garantam um ambiente saudável e seguro, com serviços de qualidade.
Lilian Behring enfatiza a importância de valorizar os trabalhadores da saúde que, mesmo diante de situações extremas, continuam a desempenhar seu papel de cuidar das pessoas. É necessário que a garantia dos direitos à saúde física, mental e social se torne um compromisso real do governo.
A cidade precisa de menos operações policiais e mais oportunidades de vida, além de iniciativas que promovam a dignidade humana. O foco deve estar na construção de uma sociedade em que o cuidado e a vida prevaleçam.