Método magnetizado para remoção de pedras nos rins supera padrões

A Universidade de Stanford lançou um dispositivo que utiliza magnetismo para retirar fragmentos de pedras nos rins durante o procedimento de ureteroscopia. Esse novo método mostrou ser mais eficiente do que as técnicas tradicionais em testes com porcos.

A doença de pedras nos rins afeta cerca de 11% da população dos EUA e geralmente requer um tratamento chamado litotripsia a laser, que quebra as pedras. Contudo, a remoção dos fragmentos após esse tratamento é ineficaz. Isso deixa muitos pacientes com restos que podem causar dores, infecções, novas intervenções e, consequentemente, mais gastos.

Essas pedras se formam por sais cristalizados que obstruem tubos finos que levam a urina dos rins até a bexiga. Isso provoca dor, infecções e até lesões nos rins. A litotripsia a laser continua sendo o procedimento mais comum. Um endoscópio entra pela uretra e segue até o trato urinário superior, onde uma fibra a laser quebra as pedras em pedaços menores. Depois, os cirurgiões tentam removê-los ou esperar que passem espontaneamente.

Entretanto, até 40% dos pacientes ainda ficam com fragmentos após a ureteroscopia, o que leva a complicações como visitas de emergência e novas cirurgias. O risco aumenta com o tempo. Dados mostram que 30% dos pacientes com fragmentos residuais precisam passar por outra operação em cinco anos, enquanto apenas 4% dos que não têm resíduos precisam.

A demanda por cuidados é alta, com mais de 1,3 milhão de visitas de emergência e gastos que superam 4 bilhões de dólares anualmente nos EUA. Com o aumento da obesidade e diabetes, que são fatores de risco para a formação de pedras, os custos de saúde relacionados a esse problema devem aumentar em mais 1,2 bilhões de dólares até 2030.

Na pesquisa intitulada “Recuperação magnética de pedras nos rins via ureteroscopia em modelo porcino”, os pesquisadores desenvolveram um sistema que magnetiza fragmentos de pedras com um hidrogel e os remove usando um fio magnético, tudo sob visualização endoscópica em porcos.

As ferramentas foram adaptadas para simular as usadas nas ureteroscopias clínicas, com otimizações controladas. Um modelo de rim impresso em 3D foi colocado em um banho de solução salina a 0,9%. Fragmentos de pedras derivadas de humanos foram posicionados no modelo.

Os pesquisadores aplicaram dois precursores de hidrogel, o ferumoxytol e o quitosano, para que se encontrassem na superfície dos fragmentos e formassem um hidrogel magnético no local. Após isso, um fio magnético foi utilizado para tentar a remoção.

Nos rins de porcos, fragmentos de oxalato de cálcio, que são semelhantes às pedras humanas e menores que 3 mm, foram colocados retrogradamente. O hidrogel magnético foi aplicado aos fragmentos e o fio magnético tentava a retirada. Os rins de controle foram utilizados apenas com o método de retirada via cesto.

Foi realizado um experimento com três porcos, onde um rim de cada animal recebeu o hidrogel magnético. A formação do gel foi confirmada endoscopicamente enquanto o outro rim não recebeu tratamento, servindo como controle.

A otimização em bancada revelou uma discrepância inicial de densidade entre o ferumoxytol e o quitosano na solução salina. Com a adição de glicerol ao precursor de quitosano, as densidades foram equilibradas, aumentando a marcação magnética de fragmentos de cálcio oxalato de 1 a 2 mm em quatro vezes.

Os testes de ureteroscopia mostraram que era possível remover vários fragmentos após uma única aplicação do hidrogel. Um total de 28 fragmentos de 1 a 2 mm foram retirados em seis tentativas, utilizando cerca de 100 μL de ferumoxytol e 200 μL de quitosano.

Nos experimentos de sobrevivência de uma semana, os resultados mostraram recuperação sem pedras e sem complicações, com urinação normal. Análises de urina e sangue também permaneceram dentro dos parâmetros normais.

A irrigação sozinha conseguiu remover cerca de 70% do gel aplicado. Já a combinação entre a recuperação magnética e a irrigação conseguiu eliminar 99,8% do gel em apenas 10 minutos. Testes de imagem magnética em urina, sangue, rins, ureteres, bexiga e outros órgãos após uma semana mostraram sinais abaixo do limite de detecção, indicando a completa eliminação do hidrogel nesse período.

Os autores concluem que essa estratégia de magnetizar e retirar é viável e compatível com ureteroscópios clínicos, além de ter um perfil de segurança favorável no curto prazo. Eles planejam testar o método em um modelo de ureteroscopia, refinar a formulação do hidrogel para dosagens mais simples, melhorar os cateteres e explorar novas geometrias magnéticas.

Caso esses avanços se traduzam em um método clínico eficaz, poderemos ver taxas mais altas de eliminação das pedras e uma redução nos problemas enfrentados pelos pacientes, além de uma diminuição dos custos na saúde. Essa pesquisa abre portas para melhorias significativas no tratamento de pedras nos rins e pode beneficiar muitos futuros pacientes.

No final, as inovações na medicina sempre buscam melhorar o bem-estar dos pacientes e facilitar os tratamentos com técnicas mais eficazes e seguras.