A Microsoft e a OpenAI anunciaram que vão ajudar a criar um centro de treinamento em inteligência artificial (IA) para os membros do segundo maior sindicato de professores dos Estados Unidos. A Academia Nacional para Instrução em IA será inaugurada ainda este ano em Nova York. O objetivo é capacitar professores do jardim de infância até o 12º ano da Federação Americana de Professores (AFT) com ferramentas e treinamento para usar a IA nas salas de aula.
Os professores estão enfrentando muitos desafios, especialmente para entender como usar a IA de maneira adequada e ética. Randi Weingarten, presidente da AFT, comentou que assim que o ChatGPT foi lançado em novembro de 2022, eles já perceberam que seria uma mudança significativa. A dúvida era se iriam tentar acompanhar ou aproveitar as vantagens da nova tecnologia. A Anthropic, que desenvolve o chatbot Claude, também se uniu à iniciativa, que conta com um investimento de US$ 23 milhões de empresas de tecnologia para oferecer treinamento gratuito aos educadores.
Nos últimos tempos, as escolas têm enfrentado dificuldades para acompanhar o uso crescente dos chatbots com IA pelos alunos, como o ChatGPT e o Copilot. Essas ferramentas são ótimas para ajudar a escrever textos e resolver questões de matemática, mas também podem cometer erros sérios. Isso tem gerado preocupação entre pais e educadores, que temem que os alunos não desenvolvam habilidades importantes sozinhos.
Para lidar com esses problemas, alguns distritos escolares começaram a usar novas ferramentas para detectar fraudes com IA. Além disso, os professores têm dado aulas sobre o uso responsável da IA generativa. Muitos educadores também estão utilizando a IA para facilitar o trabalho que dá mais trabalho, como a criação de planos de aula e material didático. Eles têm percebido que a IA pode trazer mais interatividade e criatividade para a sala de aula.
Weingarten ressaltou que os educadores devem ter um papel ativo na forma como a IA é integrada à sua profissão. A nova academia pode ajudar os professores a entender melhor as tecnologias de IA, que estão mudando rapidamente, e desenvolver currículos que preparem os alunos para um futuro em que essas ferramentas serão essenciais em muitos empregos. Chris Lehane, da OpenAI, afirmou que o aumento da IA e da produtividade é inevitável e questionou se seria possível democratizar esses avanços. Ele acredita que as salas de aula são o melhor lugar para começar essa transformação.
Entretanto, o programa pode receber críticas de alguns membros do sindicato que ficam preocupados com os interesses comerciais das grandes empresas de tecnologia. Gigantes como Google, Apple e Microsoft competem há anos para levar seus produtos às escolas, na esperança de criar uma base de usuários fiéis desde a infância. Apesar de uma relação anterior amigável, a Microsoft e a OpenAI tornaram-se concorrentes cada vez mais diretas.
Recentemente, professores na Holanda publicaram uma carta aberta solicitando que suas universidades repensassem parcerias financeiras com empresas de IA e banissem o uso da tecnologia nas salas de aula. Embora seja improvável que haja proibições totais, à medida que o uso de chatbots de IA continua a crescer, é provável que empresas de IA, empregadores e sindicatos precisem encontrar um equilíbrio.
A nova academia de treinamento é resultado de uma parceria firmada pela Microsoft em dezembro de 2023 com a Federação Americana do Trabalho e Congresso das Organizações Industriais, visando desenvolver e implementar sistemas de IA. A AFT faz parte da AFL-CIO, e a Microsoft já havia anunciado que trabalharia junto ao sindicato para explorar a educação em IA para trabalhadores e estudantes.
A AFT e as três empresas de tecnologia parceiras pretendem apoiar cerca de 400.000 membros do sindicato nos próximos cinco anos, abrangendo aproximadamente 10% de todos os professores do país. No entanto, ainda não está claro como essa nova formação irá se integrar às políticas locais que regem o uso da IA, geralmente definidas por conselhos escolares escolhidos pela comunidade.
O currículo da academia incluirá workshops e cursos online criados por especialistas em IA e educadores experientes. Essa formação valerá como créditos de educação continuada. A administração será feita pela AFT em parceria com uma coalizão de partes interessadas do setor público e privado.
Weingarten reconheceu a contribuição de Roy Bahat, um investidor de capital de risco e membro da federação, por sugerir a criação de um centro onde as empresas colaborassem com o sindicato para definir padrões. O site da AFT informa que a organização representa cerca de 1,8 milhão de trabalhadores, incluindo não só professores do ensino fundamental e médio, mas também enfermeiros escolares e funcionários de faculdades. O treinamento em IA será, eventualmente, disponibilizado a todos os membros.
A Associação Nacional de Educação, que é o maior sindicato de professores dos Estados Unidos, representa cerca de 3 milhões de pessoas. Assim, a nova academia de treinamento pode trazer mudanças significativas para a educação, com foco em uma nova era de aprendizado que utiliza a inteligência artificial de forma integrada e responsável.