Nova zelândia pode enfrentar surto de sarampo; lições de 2019

Casos de Sarampo em Aumento: Uma Alerta para a Saúde

Recentemente, foram confirmados novos casos de sarampo que não têm ligação com viagens internacionais, indicando que a doença altamente contagiosa pode estar se espalhando nas comunidades locais. Essa situação é um grande alerta sobre o risco de um surto mais sério de sarampo.

Para evitar que o vírus se espalhe ainda mais, é fundamental ter uma imunidade da população de cerca de 95%, bem distribuída entre os cidadãos. Contudo, o Brasil ainda não alcançou esse nível de cobertura vacinal. O foco agora deve ser aumentar a imunização das crianças, além de fechar as lacunas de imunidade na população.

Embora as vacinas contra sarampo estejam disponíveis desde 1969, a criação de um registro nacional de vacinas aconteceu somente em 2005. Sem esse registro, muitas pessoas não têm um histórico confiável de vacinação, e estima-se que apenas cerca de 80% das pessoas nascidas nos anos 80 e 90 estejam protegidas contra o sarampo.

Apesar de, em alguns momentos, as taxas de vacinação infantil terem ultrapassado os 90%, a marca dos 95% nunca foi atingida. A cobertura vacinal é, historicamente, mais baixa entre crianças indígenas e, recentemente, também entre crianças de comunidades pacíficas.

Aprendendo com os Surto Anterior

Para conter a propagação do sarampo, é importante aprender com os erros do passado. Em 2019, Auckland enfrentou um surto significativo dessa doença, o mais grave desde 1997. Esse surto afetou bebês, crianças pequenas e até adultos, totalizando mais de 2.000 casos, com cerca de 35% dos atingidos precisando de cuidados hospitalares.

Esses dados mostram que muitos dos que contraíram sarampo eram pessoas saudáveis antes da infecção. As complicações graves incluíram encefalite, perda de bebês por mulheres grávidas e crianças que necessitaram de cuidados intensivos prolongados.

Mesmo que o sarampo agudo possa ser muito sério, pesquisas demonstram que a infecção por sarampo está associada a um risco maior de outras infecções após a doença. As pessoas afetadas no surto de 2019 tiveram mais internações hospitalares não relacionadas ao sarampo e receberam mais prescrições de antibióticos nos quatro anos seguintes ao surto, em comparação com pessoas saudáveis.

Isso foi especialmente notável entre aqueles que tiveram a infecção mais grave, mas mesmo os que tiveram casos mais leves apresentaram efeitos duradouros. Se mais pessoas tivessem sido vacinadas com a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), a severidade desse surto poderia ter sido evitada.

Cobertura Vacinal em Números

A cobertura vacinal para a vacina MMR (dada aos 12 e 15 meses de idade) revela que as taxas de vacinação no Brasil não são suficientes para prevenir surtos em crianças com menos de cinco anos. Dados de junho de 2025 mostram que apenas 82% das crianças de dois anos estão totalmente imunizadas com as duas doses da vacina, o que significa que pelo menos uma em cada cinco crianças está desprotegida.

Além disso, os bebês com menos de um ano não estão protegidos porque a primeira dose da vacina só é aplicada aos 12 meses. Isso é preocupante porque os bebês pequenos têm altas taxas de hospitalizações e complicações relacionadas ao sarampo. Durante o surto de 2019, houve mais de 250 casos em bebês e mais da metade deles acabou sendo hospitalizada.

Os dados também mostram que o impacto do surto de 2019 não foi equitativo, e as desigualdades na cobertura vacinal ainda persistem. Lacunas na vacinação criam grupos de pessoas suscetíveis, facilitando a propagação do sarampo.

A análise dos casos recentes de sarampo revela que a história de vacinação inadequada deixou muitos jovens adultos vulneráveis à infecção. Isso é preocupante, pois muitos estão em idade de viajar para o exterior e, ao voltarem, podem trazer o sarampo para suas famílias, incluindo bebês não imunizados.

Seria alarmante se um surto de sarampo avançasse antes das festas de fim de ano. Apenas alguns casos em território nacional poderiam tornar o Brasil uma fonte de surtos para outras nações da região do Pacífico. No final de 2019, um surto de sarampo trazido do Brasil resultou em 5.700 casos em Samoa, com 1.800 hospitalizações e 83 mortes, sendo 87% dessas mortes de crianças com menos de cinco anos.

Conscientização e Prevenção

Qualquer pessoa abaixo de 50 anos que estiver com febre, erupção cutânea, tosse e coriza deve suspeitar de sarampo, especialmente se tiver voltado de viagens recentes, estiver sem vacinação ou teve contato com um caso recente. É importante ligar para a linha de saúde local para obter orientações antes de visitar um médico, salvo se a pessoa estiver muito doente.

Se houver dúvidas, o melhor é se vacinar. Como resposta ao surto de 2019, os médicos foram instruídos a convidar ativamente as crianças não vacinadas a se imunizarem, verificando o registro nacional de vacinação.

Para aqueles incertos sobre ter recebido duas doses da vacina, é seguro receber uma nova dose, desde que não sejam imunocomprometidos ou grávidas. As vacinas MMR são grátis e podem ser encontradas em consultórios médicos, farmácias e outros prestadores de serviços de saúde. Informações sobre onde vacinar estão disponíveis em plataformas de saúde.

A infecção por sarampo é preocupante, mas a vacinação pode gerar receios igualmente. Especialistas recomendam escutar as preocupações dos hesitantes com empatia e buscar entender seus pontos de vista. Compartilhar informações baseadas em fatos e experiências pessoais pode ajudar a desmistificar a vacinação.

Com o sistema de saúde sobrecarregado e as consequências a longo prazo da infecção por sarampo, a prevenção se torna essencial. Vicejar em informações feitas para a população e manter um diálogo aberto sobre a vacinação é fundamental para cuidar da saúde coletiva.