A inteligência artificial (IA) já está sendo utilizada na área da saúde em diversos países da região europeia, contribuindo para a detecção de doenças, a redução de tarefas administrativas e a comunicação entre médicos e pacientes. Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que, embora o uso da IA esteja crescendo rapidamente, a falta de proteções legais adequadas pode comprometer tanto a segurança dos pacientes quanto a dos profissionais de saúde.
### Avanços Desiguais
Embora muitos países reconheçam o grande potencial da IA para transformar os cuidados de saúde — como no diagnóstico e na vigilância de doenças — a adoção dessa tecnologia está acontecendo de forma desigual. Até agora, apenas quatro países possuem uma estratégia nacional específica para a IA na saúde, enquanto sete estão em processo de desenvolvimento dessas estratégias.
Países como Estônia e Finlândia estão liderando nesse aspecto. A Estônia criou uma plataforma unificada que integra dados de saúde e seguros, facilitando a utilização de ferramentas de IA. A Finlândia, por sua vez, investe na formação de profissionais para que possam usar a tecnologia de maneira mais eficaz. A Espanha também está realizando testes com IA para a detecção precoce de doenças.
### Desafios Legais
A regulamentação da IA ainda não acompanhou o avanço da tecnologia. Cerca de 86% dos países indicam que a incerteza jurídica é um dos principais obstáculos para a adoção da inteligência artificial, seguidas por limitações financeiras, mencionadas por 78% dos entrevistados. Atualmente, menos de 10% dos países possuem normas que definam a responsabilidade em casos de erros cometidos por sistemas de IA.
Essa falta de clareza legal pode tornar médicos hesitantes em confiar nas ferramentas de IA e criar inseguranças para os pacientes, que não teriam um caminho claro para buscar reparação em casos de problemas.
### Dados e Investimentos
O uso da IA nos sistemas de saúde é significativo: 64% dos países já utilizam diagnósticos assistidos pela IA, 50% têm chatbots para ajudar pacientes e 52% apontaram áreas prioritárias para a implementação da tecnologia. No entanto, apenas um quarto dos países alocou recursos financeiros para transformar essas prioridades em ações concretas. As principais motivações para o uso de IA incluem a melhoria do atendimento ao paciente, a redução da pressão sobre os profissionais de saúde e o aumento da eficiência nos serviços.
### Preocupações da População
Os cidadãos estão preocupados com questões de segurança, acesso equitativo aos cuidados de saúde e privacidade. Quando buscam atendimento médico, esperam que os profissionais sejam responsabilizados por erros, mas a IA depende de dados para operar, o que pode levar a diagnósticos errados se os dados forem incompletos ou tendenciosos.
O relatório da OMS recomenda que os países desenvolvam estratégias de IA alinhadas às metas de saúde pública, reforcem salvaguardas legais e éticas, foquem na formação de profissionais para o uso dessas tecnologias e promovam transparência nas comunicações com o público.
O diretor regional da OMS para a Europa enfatiza que a IA tem o potencial de revolucionar os cuidados de saúde, mas essa promessa só será cumprida se os pacientes continuarem sendo a prioridade em todas as decisões.