OMS solicita regulamentações para inteligência artificial na saúde

A inteligência artificial (IA) já é uma realidade na área da saúde em muitos países da Região Europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa tecnologia ajuda na detecção de doenças, reduz tarefas administrativas e melhora a comunicação com os pacientes. Um relatório recente da OMS aponta, no entanto, que o crescimento rápido da IA ocorre sem as proteções legais necessárias, o que pode colocar em risco tanto pacientes quanto profissionais da saúde.

### Avanços Desiguais na Saúde

Embora a maioria dos países europeus reconheça o potencial da IA para revolucionar os cuidados de saúde — abrangendo desde diagnósticos até a medicina personalizada —, a implementação ainda é desigual. Somente quatro países, representando 8% da região, possuem uma estratégia nacional específica sobre IA na saúde. Outros sete países, ou 14%, estão em processo de desenvolvimento dessas estratégias.

A Dra. Natasha Azzopardi-Muscat, diretora de sistemas de saúde da OMS/Europa, ressaltou que a IA pode trazer benefícios significativos, como melhorar o bem-estar das pessoas e aliviar a pressão sobre os profissionais de saúde. Contudo, sem as devidas regulamentações, esses avanços podem comprometer a privacidade dos pacientes e aumentar as desigualdades nos serviços de saúde.

Alguns países já estão avançando na implementação da IA. A Estônia, por exemplo, uniu dados de saúde e de seguros em uma plataforma que suporta ferramentas de IA. A Finlândia investiu na capacitação de profissionais de saúde em IA, enquanto a Espanha está testando essa tecnologia para a detecção precoce de doenças.

### Desafios Legais e Financeiros

A falta de regulamentação é vista como um dos maiores impedimentos para a adoção da IA. Cerca de 86% dos países citam incertezas jurídicas como um obstáculo, seguido por restrições financeiras que afetam 78% deles. Além disso, menos de 10% dos países possuem normas claras para determinar quem é responsável por erros cometidos por sistemas de IA.

O Dr. David Novillo Ortiz, conselheiro regional para Dados, Inteligência Artificial e Saúde Digital, destacou que sem regras claras, tanto médicos quanto pacientes podem se sentir inseguros em relação ao uso das ferramentas de IA.

### Tais Investimentos e suas Importâncias

Atualmente, 64% dos países estão utilizando diagnósticos assistidos por IA e 50% empregam chatbots para apoio a pacientes. No entanto, apenas um quarto das nações têm financiamento disponível para transformar esses planos em realidade. As principais motivações para investir em IA incluem a melhoria do atendimento ao paciente (98%), a redução do estresse sobre os trabalhadores da saúde (92%) e o aumento da eficiência (90%).

### Preocupações com Riscos para Pacientes

A população expressa preocupações sobre a segurança e o acesso justo aos cuidados de saúde. Ao buscar atendimento, espera que médicos e enfermeiros sejam responsáveis por qualquer erro. Contudo, como a IA depende de dados para aprender, se esses dados estiverem incompletos ou tendenciosos, podem resultar em diagnósticos errôneos e tratamentos desiguais.

O relatório da OMS sugere que os países desenvolvam estratégias de IA alinhadas aos objetivos de saúde pública e reforcem salvaguardas legais e éticas. Também é recomendado que se forme uma força de trabalho capacitada e que haja transparência com o público sobre como a IA é utilizada nos cuidados de saúde.

O diretor regional da OMS para a Europa, Dr. Hans Henri P. Kluge, conclui que a IA tem o potencial de transformar os cuidados de saúde, mas essa transformação só acontecerá se pacientes e suas necessidades estiverem no centro das decisões.