Pesquisa global aponta obesidade oculta em BMI normal e distúrbios metabólicos

Obesidade Abdominal: Um Perigo Invisível

Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que mais de 20% dos adultos com índice de massa corporal (IMC) normal apresentam obesidade abdominal. Essa condição aumenta o risco de hipertensão, diabetes, colesterol alto e triglicerídeos elevados.

Doenças cardiometabólicas são uma das principais causas de morte e problemas de saúde pelo mundo. Nos últimos 30 anos, os casos de doenças cardiovasculares aumentaram, passando de 271 milhões para 523 milhões. Isso resultou em quase o dobro de anos de vida perdidos por essa causa.

A obesidade abdominal, especialmente quando ocorre a acumulação de gordura visceral, altera processos metabólicos. Isso acontece por meio de inflamações que causam resistência à insulina, colesterol alterado, pressão arterial alta e problemas na regulação do açúcar no sangue. Em 2022, cerca de 828 milhões de adultos foram afetados pelo diabetes.

O IMC, apesar de ser uma ferramenta comum, não mostra realmente como a gordura está distribuída no corpo. Estudos mostram que pessoas com IMC normal, mas maior circunferência da cintura, têm um risco cardiovascular maior e taxas de mortalidade mais altas.

O artigo “Resultados Cardiometabólicos em Adultos com Obesidade Abdominal e IMC Normal” investiga a prevalência da obesidade abdominal em adultos com IMC normal. A pesquisa foi publicada em uma renomada revista científica e usou um modelo de pesquisa transversal.

Os dados foram coletados em 91 países entre 2000 e 2020, com a participação de 471.228 pessoas de 15 a 69 anos. Essas amostras cobriram regiões da África, das Américas, do Mediterrâneo Oriental, da Europa, do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental.

A obesidade abdominal foi definida com base na circunferência da cintura: 80 cm ou mais para mulheres e 94 cm ou mais para homens. A obesidade abdominal em peso normal combina um IMC entre 18,5 e 24,9 com uma circunferência da cintura alta. Os principais resultados analisados foram hipertensão, diabetes, colesterol e triglicerídeos elevados.

Os pesquisadores usaram entrevistas, medidas físicas e análises bioquímicas para coletar as informações. O estudo identificou que pessoas com circunferência da cintura maior tinham mais probabilidade de relatar baixa ingestão de frutas e vegetais e inatividade física. Aqueles com obesidade abdominal, mesmo tendo IMC normal, mostraram mais chances de problemas como hipertensão e diabetes.

Curiosamente, pessoas com mais escolaridade apresentaram uma tendência a ter maiores chances de obesidade abdominal. Aqueles com ensino primário e secundário tiveram riscos mais altos em comparação a quem não teve escola formal. Apenas na África a história foi diferente, com educação superior ligada a menos chances de obesidade.

Entre os participantes com IMC normal, 21,7% apresentaram obesidade abdominal. A prevalência variou, sendo 15,3% na região do Pacífico Ocidental e 32,6% no Mediterrâneo Oriental. O Líbano teve a maior taxa de obesidade abdominal (58,4%), enquanto Moçambique registrou a menor (6,9%).

Os adultos com IMC normal, mas com cintura maior, enfrentam maiores chances de problemas metabólicos em comparação aos que têm IMC normal sem obesidade abdominal. A hipertensão, diabetes e colesterol alto mostraram aumentos significativos.

Alguns pontos regionais apresentaram exceções, como a ausência de casos de colesterol alto nas Américas e níveis de triglicerídeos não registrados na Europa. Já a hipertensão não aumentou na região do Pacífico Ocidental.

Os autores ressaltam que confiar apenas no IMC para identificar pessoas em risco pode não ser suficiente. É importante observar também a circunferência da cintura, pois isso pode indicar problemas em potencial antes que se tornem críticos.

Em resumo, a obesidade abdominal é um problema que muitas vezes passa despercebido, especialmente em pessoas com IMC considerado normal. É fundamental buscar uma avaliação mais completa da saúde, que leve em conta esses fatores, para evitar complicações futuras.

Adotar hábitos saudáveis como uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos é essencial. Consultar profissionais de saúde pode ajudar a prevenir e tratar esses problemas antes que eles se agravem.