Balanço do Ano para as Crianças Brasileiras
Com o final do ano se aproximando, muitos aproveitam para refletir sobre o que aconteceu ao longo dos últimos meses e traçar planos para o futuro. E, nesse contexto, como podemos avaliar a situação das crianças no país?
Os dados mostram uma mistura de boas e más notícias. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2024, o número de crianças com menos de 5 anos que faleceram devido a doenças evitáveis por vacinação aumentou. Apesar desse índice alarmante, há um sinal positivo: as taxas de imunização, que vinham em queda, voltaram a crescer. Outra notícia animadora é que o Programa Nacional de Imunizações irá disponibilizar a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) para todas as gestantes. Essa vacina é fundamental, pois o VSR é responsável por a maior parte dos casos de bronquiolite e pneumonias em crianças pequenas, levando a milhares de internações anualmente durante outono e inverno.
A vacinação das gestantes proporciona uma proteção inicial para os bebês nos primeiros anos de vida, quando estão mais vulneráveis a infeções.
Outro desafio que persiste é a insegurança alimentar, que afeta mais de 3% da população, ou cerca de 7 milhões de pessoas. Embora o país tenha superado a situação de fome extrema, muitos ainda não conseguem ter acesso a refeições adequadas diariamente. Ao mesmo tempo, é importante mencionar que o excesso de peso também é uma preocupação crescente, com 46 milhões de pessoas enfrentando problemas de sobrepeso. Especialistas apontam que a pobreza e a falta de recursos levam famílias a optar por alimentos mais acessíveis, mas menos saudáveis.
A falta de saneamento básico é uma questão crítica que impacta a saúde e o desenvolvimento das crianças, limitando suas oportunidades de aprendizado e, consequentemente, suas perspectivas de emprego e qualidade de vida. Essa realidade não apenas afeta indivíduos, mas também compromete o futuro econômico das comunidades.
Além dos desafios sociais, as mudanças climáticas também têm reflexos diretos na saúde infantil. Questões ambientais têm um impacto significativo nas doenças que afetam crianças ao redor do mundo. No Brasil, praticamente todas as mortes relacionadas à poluição ocorrem em regiões de baixa e média renda, colocando o país em uma posição vulnerável frente a esses desafios. As crianças são as mais afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas, que incluem o aumento das doenças transmitidas por insetos e as ondas de calor.
A análise do cenário atual exige um olhar cuidadoso. Em um país tão diverso e complexo, não podemos esperar soluções rápidas. É necessário adotar medidas planejadas, com foco em resultados de médio e longo prazo.
Com as eleições se aproximando em 2026, essa é uma oportunidade para refletirmos sobre o tipo de sociedade que queremos construir para as crianças. As crianças de hoje são os adultos de amanhã, e a prioridade deve ser garantir um futuro melhor para elas. Organizações e a sociedade civil têm um papel crucial nessa construção, e a Constituição já nos lembra que a criança tem que ser prioridade.
Concluindo, a missão de promover um futuro saudável para as crianças é um compromisso coletivo que deve ser reforçado e lembrado a cada dia.