Historicamente, muitos homens enfrentam uma barreira significativa ao buscar ajuda médica, especialmente em relação à saúde mental. O conceito tradicional de masculinidade, que reforça a ideia de que homens devem ser fortes e não demonstrar fraqueza, contribui para a resistência em procurar apoio. Essa crença não só afeta a busca por tratamento de condições físicas, como o pré-diabetes, mas é ainda mais forte quando se trata de questões emocionais.
Recentemente, uma pesquisa revelou indicadores preocupantes sobre o acesso masculino ao tratamento psicológico. Apenas 29,6% das consultas em Psicologia na plataforma analisada foram realizadas por homens, evidenciando uma diferença de 58% em comparação com o número de atendimentos femininos. Isso mostra que, mesmo com o aumento das discussões sobre a importância da saúde mental, muitos homens evitam buscar cuidados emocionais. Além disso, essa resistência aumenta com a idade, gerando um cenário alarmante.
### A Idade e a Resistência
O estudo indica que a maior demanda por consultas psicológicas entre os homens ocorre na faixa etária de 21 a 30 anos. A situação se agrava após os 50 anos, quando apenas 22,2% dos atendimentos realizados são para homens. Essa tendência sugere que muitos homens só buscam ajuda quando sua situação emocional já está bem crítica. De acordo com Guilherme Weigert, CEO da Conexa, essa realidade é visível em todo o País, com dados coletados de mais de três mil profissionais de saúde.
### Buscando Ajuda Tardiamente
A baixa procura por tratamento psicológico entre os homens sinaliza um grave problema. O médico destaca que a ansiedade é uma das principais causas que levam homens a procurar Pronto Atendimento, frequentemente em momentos de crise. Isso indica que muitos só buscam ajuda quando já estão enfrentando situações difíceis de lidar. Para Weigert, o desafio é romper com as barreiras culturais que cercam a saúde mental, uma vez que muitos homens só se sentem confortáveis para procurar apoio quando o sofrimento se torna insuportável.
### Menos Consultas, Mais Riscos
Os dados mostram que, de janeiro a novembro, os homens representaram quase 40% dos pacientes na plataforma, mas apenas 32,6% dos atendimentos efetivos. Isso indica uma clara tendência de que os homens não apenas evitam procurar ajuda, mas também têm mais dificuldade em manter uma continuidade no tratamento. A média de consultas por homem é de três, enquanto as mulheres realizam cerca de quatro.
Esse cenário reforça a necessidade urgente de incluir o cuidado da saúde mental nas discussões sobre a saúde do homem. A soma de uma percepção reduzida de risco, os tabus históricos e a dificuldade em buscar ajuda contribui para que muitos homens cheguem tardiamente aos serviços de saúde, o que pode comprometer sua condição de saúde geral. É fundamental que essa questão seja tratada com mais seriedade, a fim de promover uma vida mais saudável e equilibrada para todos os homens.