Servidores da saúde da Unicamp decidem continuidade da greve

Os servidores da área da saúde da Unicamp decidiram continuar em greve em protesto contra a proposta do governo estadual de transformar o Hospital de Clínicas e outros órgãos da saúde em autarquias. A decisão foi tomada em uma assembleia realizada nesta quarta-feira, dia 17, em frente ao hospital, onde participaram tanto servidores quanto estudantes.

Atualmente, cerca de 30% dos funcionários da área de saúde estão paralisados. O movimento grevista deve permanecer ativo pelo menos até o dia 23 de dezembro, conforme informado pelo sindicato da categoria.

A discussão sobre a autarquização dos serviços de saúde da Unicamp tem gerado controvérsia. Na terça-feira, dia 16, ocorreram duas tentativas de reunião do Conselho Universitário da universidade para tratar desse tema, mas ambas foram interrompidas devido aos protestos dos servidores e estudantes.

Na manhã de terça, os manifestantes chegaram a entrar na sala onde o Conselho estava reunido, argumentando que as portas estariam fechadas para a comunidade. Usaram uma entrada em reforma para acessar o prédio da reitoria e ocuparam o espaço do Conselho.

Uma nova reunião foi convocada para a tarde, em uma sala da Funcamp, uma fundação vinculada à universidade. A sessão começou online por volta de 13h20, mas cerca de uma hora e meia depois, foi novamente suspensa devido às manifestações.

Até agora, não houve anúncio de uma nova reunião, e a instituição apenas afirmou que os próximos passos serão discutidos internamente.

José Luís Pio Romeira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, enfatizou os impactos negativos da autarquização. Ele destacou que essa mudança pode levar à precarização do trabalho dos funcionários, que seriam contratados por uma fundação com salários menores e teriam suas condições de trabalho deterioradas.

A reitoria da Unicamp se manifestou lamentando os episódios e afirmou que as práticas observadas nos protestos não estão alinhadas com princípios democráticos. O reitor, Paulo Cesar Montagner, defendeu que a mudança na gestão é necessária para melhorar a qualidade dos serviços do hospital. Segundo ele, é imprescindível ampliar leitos e diversificar investimentos para atender melhor a população.

A proposta de autarquização contempla a transformação do Hospital de Clínicas em uma autarquia, integrando-o a outros oito órgãos, como o Hospital Central e o Caism. O objetivo é reduzir os custos da universidade, que devem alcançar R$ 1,1 bilhão em 2025, além de garantir recursos para expandir cursos, abrir novas vagas e contratar mais pessoal.