Servidores da saúde da Unicamp decidem sobre greve contra autarquização

Os servidores da área da saúde da Unicamp decidiram continuar em greve como forma de protesto contra a proposta do governo estadual de autarquização do Hospital de Clínicas e de outros serviços de saúde da universidade. A decisão foi tomada em uma assembleia que aconteceu na quarta-feira (17), com a participação de servidores e estudantes em frente ao hospital.

Desde o início da greve, na segunda-feira (14), aproximadamente 30% dos servidores da saúde estão paralisados. O movimento permanecerá ativo pelo menos até o dia 23 de dezembro, conforme anunciado pelo sindicato que representa a categoria.

A proposta de autarquização dos serviços de saúde na Unicamp gerou polêmica e mobilização na comunidade universitária. Na terça-feira (16), houve duas tentativas de reunião do Conselho Universitário (Consu) para debater o assunto, mas ambas foram suspensas devido aos protestos. Os manifestantes chegaram a invadir a sala onde o conselho estava reunido, reivindicando a inclusão da comunidade nas discussões. Eles acessaram o prédio por uma porta em reforma e ocuparam a sala de reunião.

Uma nova tentativa de reunião aconteceu à tarde em uma sala da Funcamp, ligada à universidade, e teve continuidade online. No entanto, a votação novamente foi interrompida por protestos em menos de duas horas.

Na quarta-feira, não houve anúncio de nova reunião do conselho. A universidade se limitou a informar que os próximos passos ainda serão discutidos.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), José Luís Pio Romeira, expressou preocupações sobre os impactos da autarquização. Segundo ele, a mudança poderia resultar na precarização das condições de trabalho dos funcionários, que seriam contratados por uma nova fundação com salários menores. Romeira enfatizou que todos os atuais servidores enfrentariam mudanças em seus contratos, o que, segundo ele, poderia prejudicar a qualidade do atendimento hospitalar para a população.

A reitoria da Unicamp se manifestou sobre os acontecimentos, expressando lamento pelos episódios de tumulto e reafirmando que algumas ações estavam em desacordo com os princípios democráticos. O reitor, Paulo Cesar Montagner, defendeu a autarquização, afirmando que essa mudança é necessária para melhorar as condições do hospital. Montagner destacou que o hospital enfrenta dificuldades para aumentar o número de leitos e realizar investimentos na área.

A proposta do governo prevê transformar o Hospital de Clínicas em uma autarquia, agrupando outros oito órgãos de saúde, como o Hospital Central e o Caism. O objetivo é reduzir os custos da universidade, que devem atingir R$ 1,1 bilhão em 2025, e assegurar recursos para ampliar os cursos, criar novas vagas e contratar mais pessoal.